Quarta-feira, 3 de março, 11 horas da manhã. A segunda rodada de negociação entre o Sindicato dos Jornalistas e o sindicato patronal de Rádio e TV, tendo em vista o reajuste anual da categoria em 2012, parece um filme que se repete a cada ano. Os representantes dos empresários demonstram a intransigência de sempre em qualquer item que possa beneficiar os jornalistas. Maior segurança para os jornalistas que participam de cobertura em áreas de risco? Nada feito!
A proposta de 12% de reajuste, decidida em assembleia e em consulta à categoria via internet, também não agradou o patronato. Levantamento do Dieese mostra que atrelar o reajuste dos jornalistas com índices de inflação não recompõe de forma alguma a diminuição do poder de compra da categoria. Apesar de anunciarem lucros crescentes, os veículos de comunicação não costumam dividir um pouco que seja com os jornalistas. O Sindicato continua aguardando a resposta dos empresários à proposta de 12% de reajuste, o que deve acontecer na próxima rodada de negociações.
No que diz respeito à segurança dos jornalistas, o Sindicato chegou a acreditar que os patrões concordariam com alguma coisa, diante dos casos recentes de violência que atingiram os profissionais da imprensa. Doce ilusão. Queremos a inserção de cláusulas de segurança no acordo coletivo, obrigando as empresas a fornecerem colete à prova de balas com poder de proteção maior e carro blindado para a cobertura de pautas em áreas de risco.
O Sindicato dos Jornalistas cobra também o estabelecimento de sanções às empresas que não cumprirem as normas. Tais medidas, além dos cursos de segurança, ajudariam a evitar mortes como a do repórter cinematográfico Gelson Domingos (foto), atingido por um tiro de fuzil enquanto utilizava um colete que mal protegia contra calibre 38.
Os patrões querem que as medidas de segurança sejam definidas pela comissão paritária criada na convenção coletiva de 2006, integrada por representantes do Sindicato dos Jornalistas, dos sindicatos patronais, com apoio técnico do International News Safety Institute (Insi). No entendimento dos empresários de rádio e TV, esta instância estaria mais qualificada para decidir sobre normas de segurança.
Para o Sindicato dos Jornalistas, medidas práticas e urgentes podem e devem ser estabelecidas imediatamente, para a proteção dos profissionais da imprensa, após uma consulta a especialistas em segurança. Por exemplo, coletes e blindagem de carros à altura do risco que os jornalistas enfrentam no trabalho cotidiano.
A Comissão Paritária de Segurança é de extrema importância, mas se reuniu poucas vezes desde que foi criada. Promoveu dois cursos de treinamentos para jornalistas em coberturas em áreas de risco, em 2006 e 2007. Além disso, em algumas situações os empresários não responderam ao chamado do sindicato para reuniões da comissão.
O Sindicato dos Jornalistas vai cobrar até o fim a inclusão de cláusulas de segurança no acordo coletivo de rádio e TV e de jornais e revistas. Confira aqui a lista de reivindicações.
Foto: Protesto pela morte de Gelson Domingos.