Sindicato dos Jornalistas

quinta-feira, abril 25, 2024
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Carta de apoio à diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro

Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) Coletivo Bonde do Rio
Diretório Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (DACO UFF)
Centro Acadêmico de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Cacos Uerj)
Manifestamos, por meio desta carta, apoio à atual diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro diante dos ataques de que tem sido alvo desde o dia 25/07. Na ocasião, o Sindicato cedeu seu auditório para a realização de uma coletiva de imprensa do Grupo Tortura Nunca Mais, ONG Justiça Global e Rede de Comunidades e Movimento, na qual participariam os pais dos manifestantes detidos preventivamente no dia 13 de julho e representantes de organizações de direitos humanos. A libertação de Igor Pereira D’Icarahy, Elisa Quadros e Camila Jourdan do Complexo Penitenciário do Gericinó na noite anterior, marcada por uma dura repressão e casos de violência empenhada por alguns manifestantes contra os repórteres André Mello, do jornal O Dia, e Thiago Ramos, do SBT, alterou as expectativas sobre o encontro. Passou então a ocorrer a cobrança por parte de alguns jornalistas de um posicionamento mais firme da atual gestão do Sindicato, no que diz respeito a esses atos de violência.
Desde a posse da nova diretoria no dia 26 de agosto de 2013, o Sindicato tem se manifestado repetidamente em defesa dos direitos humanos e contra toda forma de violência contra jornalistas e comunicadores populares. Em muitas ocasiões, notas de repúdio foram divulgadas contra a ação violenta, seja da PMERJ, seja por parte de manifestantes descontentes com a atuação de jornalistas e a linha editorial dos veículos de comunicação hegemônicos. Além de notas, o Sindicato promoveu três plenárias, uma audiência pública e uma série de outras ações em defesa dos jornalistas (veja mais aqui: http://goo.gl/J1MeDh).
Vale lembrar o esforço do Sindicato em apurar os atos de violência cometidos durante os protestos do último ano, resultando num relatório (http://goo.gl/uPgCSX) que reúne quarenta e nove profissionais tanto da imprensa tradicional, quanto comunicadores populares que sofreram algum tipo de violência entre maio e novembro de 2013. Deixando clara a repressão sistemática do braço armado do Estado contra os jornalistas. Esse relatório foi entregue a várias entidades e órgãos competentes, como os Ministros da Justiça e dos Direitos Humanos e o Secretário-Geral da Presidência.
Ao mesmo tempo em que denuncia todo ato de violência, o Sindicato frequentemente alerta sobre o papel da linha editorial das empresas jornalísticas no acirramento dos conflitos entre manifestantes e jornalistas. O rompimento com o discurso polarizante que situa movimentos sociais e profissionais da comunicação em dois lados opostos e divergentes intensifica as críticas dos que consideram que defender o jornalista é criticar o manifestante, eximindo-o da sua responsabilidade enquanto comunicador social diante dos impactos da informação que produz. O repúdio à violência contra jornalistas não é dicotômico ao repúdio pelo discurso da mídia hegemônica em relação às manifestações. A criminalização de manifestantes e membros de movimentos sociais é um ataque à democracia, e portanto pode ser considerado um ataque ao exercício da comunicação social. O Sindicato não é – e não deve ser – conivente com o discurso midiático somente porque é exercido pela categoria. Deve continuar a questioná-lo, e mostrar como pode gerar reações equivocadas.
Diante do posicionamento da atual diretoria do Sindicato dos Jornalistas na defesa dos direitos humanos, no repúdio a todo ato de violência e na luta pelo direito de comunicar, seria legítimo fechar as portas do auditório diante da indignação dos familiares dos presos políticos que necessitavam se expressar? A concentração dos meios de comunicação e do direito a informação nas mãos de um oligopólio que representa interesses empresariais viola o direito primordial à comunicação, põe entraves ao debate político-social e criminaliza movimentos sociais. Desde de junho de 2013 o ataque a democracia pelo Estado é amparado pelo oligopólio midiático que silencia e ignora o princípio básico da comunicação social: o interesse público. Portanto, na defesa da categoria encontra-se também a defesa aos comunicadores populares: a comunicação social é um direito, e não é comprável com um diploma ou um registro profissional.Comunicadores populares e midiativistas são legítimos.
Além de tudo, o pedido de destituição de uma gestão eleita democraticamente vai de encontro ao direito à democracia e ao exercício da cidadania. A renúncia forçada da atual diretoria do Sindicato seria o símbolo do autoritarismo que visa impor apenas uma versão sobre os fatos e esvazia o debate sobre a atual conjuntura política que põe em questão também o nosso papel enquanto comunicador. Prezamos pelo respeito às divergências políticas desde que essas sejam feitas por meio do aparato democrático e com críticas com a finalidade de construir um debate favorável a toda a categoria.
Sendo assim, nos solidarizamos com o SindJor, acusado de ser complacente com segmentos dos movimentos sociais que reforçam a lógica da violência contra o jornalista, entendendo que o Sindicato possui um histórico de repúdio às ações violentas contra o profissional de comunicação, e comprova sua luta pela democracia e pleno exercício da liberdade de expressão, com segurança para os profissionais envolvidos. Esse é mais um exemplo de uma tentativa baixa de deslegitimar a atual gestão, em um jogo de forças políticas dentro (e fora) do Sindicato.
Assinam esta carta:
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) Coletivo Bonde do Rio
Diretório Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (DACO UFF)
Centro Acadêmico de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Cacos Uerj)

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