Sindicato dos Jornalistas

quinta-feira, abril 18, 2024
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Nota do Sindicato sobre a fiscalização de condições de trabalho de jornalistas na Sapucaí

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro constatou, em ação de fiscalização no Sambódromo, durante o Carnaval, que os profissionais de imprensa enfrentaram jornadas abusivas, sobrecarga de funções e o cerceamento ao exercício profissional, até mesmo, por meio de violência física. Denunciamos e repudiamos os privilégios concedidos pelos organizadores (Liesa/RioTur) na cobertura jornalística do evento ao oligópolio da mídia, personificado pela Rede Globo, que já é detentora da exclusividade de transmissão dos desfiles.
Com o apoio de seguranças próprios, das escolas de samba ou da Liesa, e do guindaste conhecido como Carvalhão, equipamento a serviço da organização do evento, a Rede Globo voltou a extrapolar os limites do seu contrato de exclusividade na transmissão dos desfiles. O Sindicato testemunhou pelo menos quatro casos de jornalistas agredidos na tentativa de entrevistar celebridades. Os nomes das vítimas serão preservados. Além disso, recebemos várias denúncias de profissionais enfrentando jornadas excessivas, sem o respeito à folga legal a cada seis dias.
A fiscalização verificou que a área de maior cerceamento e risco para os jornalistas continua sendo a dispersão. Não bastasse a insegurança referente à movimentação dos carros alegóricos e à saída dos componentes das escolas ao final dos desfiles, a Rede Globo exerce de modo mais abusivo nesse espaço a tentativa de monopólio da cobertura jornalística. A empresa arrendou a Praça da Apoteose e montou sobre o palco concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer um sofisticado estúdio central de transmissão, também utilizado para a realização das entrevistas. Mesmo quando demonstraram interesse em falar aos demais veículos credenciados para a cobertura, as celebridades foram impedidas. Verificamos ainda a necessidade de uma sala de imprensa na dispersão, além da que já existe na concentração.
O Sindicato, por meio de ofício anexado a esta nota pública, solicita que as autoridades do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho abram procedimento para apurar as circunstâncias em que se dão os abusos da Rede Globo no monopólio da cobertura dos desfiles na Sapucaí, onde, neste ano, trabalharam credenciados 1.288 jornalistas brasileiros e 220 estrangeiros. Nesse sentido, o sindicato também cobra esclarecimentos à Riotur, Liesa e Rede Globo. O cerceamento ao exercício profissional do jornalismo é uma violação à liberdade de imprensa, ou seja, uma forma de censura que inviabiliza a oportunidade de acesso da população a um noticiário plural e democrático sobre um grande evento como o Carnaval.

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