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quarta-feira, abril 24, 2024
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Sindicato fortalece categoria com pesquisa na Passarela do Samba

O Carnaval do Rio de Janeiro se tornou tão popular no mundo inteiro por causa dos Desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial.
As escolas de samba são regulamentadas pela LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), que organiza o desfile anual no Sambódromo.
Com o tempo mínimo de desfile de 65 minutos, com um limite máximo de 75, também existe um limite para a quantidade de participantes em cada ala das escolas de samba.
De um tempo para cá, os problemas de segurança passaram a preocupar, especialmente os provocados pelas alegorias, cada vez mais gigantescas.
No ano de 2017, acidentes envolvendo três escolas de Samba aconteceram provocando vítimas, uma jornalista, Lisa Carioca, perdeu sua vida e uma série de medidas precisou ser tomada.
O local onde ocorreu o acidente no ano passado, envolvendo a alegoria da Paraíso do Tuiuti, foi neste ano isolado. Os profissionais de reportagem, imagem e fotografia ficaram do outro lado da pista e na própria no momento de saída das Escolas de Samba da concentração.

Acidentes nos desfiles em 2017

 
Local do acidente foi isolado este ano

 
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, participando da fiscalização dos profissionais da área, constatou diversos problemas, inclusive os que envolviam a segurança na avenida.
Durante todo o decorrer do ano, participou dos debates sobre a segurança nos Eventos, inclusive o Carnaval, e das condições de trabalho, hoje bastante inadequadas.
Um dossiê foi realizado e entregue a Comissão de Cultura da Câmara de Vereadores, como também as autoridades que promovem os desfiles.
Aconteceu também uma Audiência Pública com o Sindicato exemplificando suas sugestões numa projeção didática.
Foram seis as propostas do Sindicato para este ano de 2018:
– criação de corredor de deslocamento na pista de desfiles;
– mudança de local das cabines de Rádio para o Setor 6;
– credenciamento mais criterioso, apenas para jornalistas;
– fiscalização do credenciamento feita pelo Sindicato;
– cabine para os sindicatos que fiscalizam as condições de trabalho;
– treinamento para seguranças que atuam no Sambódromo;
– criação de um Centro de Mídia para o carnaval.
Estas propostas ainda não foram cumpridas e para reforçar o desejo da categoria, o Sindicato esteve novamente nos desfiles de 2018, com os diretores Marcio Leal e Fábio Tubino, agora fiscalizando, mas também aplicando uma pesquisa para saber o que de fato mudou ou se não ocorreram mesmo mudanças para esta temporada.
A pesquisa apresentou questões pontuais a respeito do trabalho jornalístico nos Desfiles das Escolas de Samba.
Responderam à pesquisa aplicada pelo Sindicato, profissionais dos diversos segmentos de atuação, durante os dias 10, 11 e 12/02, nos desfiles dos Grupos A e Especial. Foram aplicados 55 questionários, respondendo estes: 32,73% de profissionais de Radiodifusão, 12,73 que trabalham em meios impressos, 27,27 em sites, blogs e mídias online, 7,27% em outros serviços de imprensa, 1,82% em assessorias e sites ao mesmo tempo, 9,09% em impressos e sites, 3,64% em radiodifusão e sites e 5,45% em radiodifusão, sites e impressos.

A pesquisa apontou que entre os profissionais de jornalismo que cobrem o Carnaval, 56% chegam ao Sambódromo em transporte oferecido pelas empresas contratantes e 44% utilizam transporte público.

Com relação à alimentação dos profissionais na Avenida, uma parte não recebe dinheiro ou tíquetes para o consumo, levando em consideração que o trabalho é realizado por um número excessivo de horas. A pesquisa apontou que: 62% tiveram a necessidade de alimentação atendida pelos contratantes, 2% confirmaram que o valor foi abaixo da necessidade e 36% não receberam este benefício.

A pesquisa perguntou qual foi o tempo de trabalho profissional acertado pelos contratantes na Avenida. 78% trabalhou mais de 7 horas, 7% menos de 7 horas e 16% atuou durante 5 horas com mais 2 horas extras. Com relação à hora extra, 53% não recebe, 41% recebe e 6% compensa.

 
O Seguro de Vida passou a ser importante, especialmente neste trabalho de cobertura, principalmente após os acidentes do ano anterior. A maioria dos jornalistas relatou que não existe também equipamentos de proteção. Tanto a Liesa como a Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, não cumpriram com pagamentos de seguros às vítimas de 2017, o que reforça a importância do seguro para os jornalistas pelas empresas. Neste ano, 57% estavam segurados e 43% não tiveram este benefício. 81% não recebem adicional de periculosidade e 19% de profissionais recebem. 80% de jornalistas respondeu que não existe equipamento de proteção coletivo e 20% acha que existe. A pesquisa também perguntou se as empresas forneceram equipamento de proteção individual. 66% afirmou que esse procedimento não existe e 34% que existe.




O Plano de Saúde e Odontológico e outro importante benefício para os coleguinhas. Dos que participaram da pesquisa, 44% é assistido pela empresa, 24% resolveu bancar individualmente e 33% não tem.

Com relação ao material produzido, os jornalistas responderam: 13% recebem pela reutilização e 87% não recebe nada.

Quanto ao assédio moral ou sexual, a situação é mais tranquila na avenida entre os profissionais 11% afirmaram ter sofrido e 89% não.

Muitos jornalistas chamaram a atenção para as condições de trabalho na Avenida. 69% acharam adequadas, principalmente as informações das assessorias das Escolas de Samba e o material gráfico distribuído. 31% de jornalistas acreditam que as condições não foram adequadas.

Cabines de Rádio e TV
Continua sendo um grande problema para quem trabalha na avenida. A localização permanece no Setor 1, perto da saída das Escolas de Samba. Muitos companheiros reclamam que não conseguem analisar o desfile por inteiro. As cabines são pequenas e várias agrupam mais de duas emissoras (foto).
Cabine da Rádio Band News Fm

Outro problema refere-se ao acesso do local, com uma escada grande e nenhuma rampa (foto). O Sindicato observou portadores de deficiência visual realizando cobertura.

Sala de Imprensa
Neste ano, muitos jornalistas reclamaram da falta de vigilância na Sala de Imprensa. De fato, o Sindicato constatou que não existe uma câmera gravando o fluxo dos profissionais, inclusive aconteceu o furto de um equipamento fotográfico.
Outro problema refere-se à infraestrutura tecnológica. Companheiros reclamam de internet lenta e da falta de espaço suficiente para o trabalho, levando em consideração de que no local atuam profissionais de todo o mundo. Apesar de tudo, 80% pelo menos, as condições são atendidas, mas 20% não considera o local adequado.

Vale ressaltar que a Sala de Imprensa de fato não comporta a demanda de profissionais que realizam a cobertura, como comprova a foto abaixo.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro realiza este trabalho de fiscalização desde 2017. Conseguiu alguns objetivos no reforço da segurança e do trabalho dos colegas na avenida, mas com esta pesquisa e com a conversa no dia a dia, entende que muitos problemas precisam ser resolvidos para 2019, no comparativo dos dois últimos desfiles realizados.

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