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sexta-feira, novembro 29, 2024
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Liberdade não se conquista com repressão

As cenas vistas neste fim de semana em São Paulo comprovam que o Estado é o principal agressor de jornalistas que trabalham na cobertura de manifestações. Policiais militares tentam nos calar com os seus cassetetes, bombas, balas de borracha e algemas. As estatísticas recentes comprovam que esses agentes públicos são os autores de cerca de 80% dos casos de violência sofridos pelos profissionais da imprensa em todo país. Tal índice aponta para uma política de Estado e não apenas para casos pontuais de desvios de conduta. Esse mesmo Estado não pode, de modo algum, se apropriar da violência que fomenta para usar a segurança dos jornalistas como pretexto para políticas que ameaçam a democracia e perseguem os movimentos sociais e a sua luta por direitos, como a lei antiterrorismo que tramita com celeridade no Senado.
A detenção e agressão de 14 repórteres por policiais militares, além dos 230 manifestantes presos sábado em São Paulo, não deixam margem para dúvidas. Foram intensificadas as políticas de repressão ao trabalho dos jornalistas, apesar das reiteradas denúncias feitas por nossa categoria às autoridades desde o ano passado. No Rio, por exemplo, três repórteres foram agredidos a cassetetes por policiais militares no início deste mês durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus. A segurança pública estadual também não foi capaz de impedir, nesse mesmo episódio, a ação criminosa que resultou na morte do repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, atingido por um rojão.
A morte de Santiago e os mais de cem jornalistas feridos desde junho do ano passado em manifestações pelo país não podem servir como pretexto para a proposição de dispositivos arbitrários. O projeto de lei antiterrorismo, apesar de críticas de juristas pelo texto vago e que criminaliza movimentos sociais, já passou em uma comissão do Senado com perspectiva de aprovação ainda antes da Copa do Mundo. Os jornalistas precisam de segurança, sim, mas para defender e exercitar plenamente a liberdade de expressão, os direitos humanos e a democracia.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

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