Regina Quintanilha
A menos de um mês para a Copa do Mundo, dezenas de categorias profissionais tomam as ruas do país com pautas específicas, além da luta por melhorias gerais como saúde, educação, moradia, transportes, saneamento etc. o “país do futebol” que se prepara para receber milhares de turistas, reivindica que os governos municipais, estaduais e federal dediquem aos apelos do povo a mesma atenção dada as regras de qualidade no atendimento aos turistas determinadas pela Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado).
Maio tem sido um mês emblemático na ocupação das ruas. Professores, profissionais da saúde, rodoviários, vigilantes, servidores públicos federais, funcionários de consulados e embaixadas, aeroviários, policiais civis e militares, entre outros, se mobilizam em mais de uma dezena de capitais. Atos, protestos, paralisações e greves foram iniciadas com ameaças de prosseguimento ou retomada durante a Copa. A maioria das reivindicações específicas dos trabalhadores está centrada em reajuste salarial, melhores condições de trabalho e fim das privatizações e da prática de assédio moral.
Veja abaixo tudo que tem sido twittado sobre as greves pelo Brasil
Tweets sobre “greve”
Na terça-feira (13), funcionários locais dos serviços consulares do Brasil em 17 cidades dos Estados Unidos, Canadá e Europa realizaram uma greve de 48 horas reivindicando plano de cargos e salários e melhores condições de trabalho.
Aeroviários brasileiros e funcionários do grupo Latam em toda a América do Sul – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador Paraguai e Peru, podem cruzar os braços ou atrasar a logística de suas operações caso acordos trabalhistas não sejam concluídos em breve. Segundo as Federações Internacional dos Trabalhadores do Transporte (Itf) e Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac), acordos trabalhistas estão em aberto desde 2013. Os mais de 50 mil aeroviários brasileiros – que englobam os operadores de check-in, pista e bagagem, por exemplo – pedem reajustes acima da inflação, além de benefícios e bônus relacionados à Copa. Já os funcionários do Grupo Latam – fusão das companhias LAN e TAM -, acusam a empresa de praticar “dumping social”, para as mesmas funções trabalhadores peruanos, por exemplo, ganham menos do que brasileiros e chilenos.
Funcionários da Ambev, maior empregadora do setor de bebidas do Brasil, ameaçam entrar em greve nacional durante a Copa, caso a empresa não atenda reivindicações sobre a prevenção e redução de acidentes de trabalho nas fábricas. Dados do Ministério da Previdência Social (MPAS) apontam que entre 2010 e 2012 foram registrados 16.848 acidentes no setor, com 42 mortes.
Já os funcionários do IBGE se programam para parar, por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira, 26 de maio. Querem mudança na direção do instituto, eleição direta para presidente e diretores, contração de pessoal, igualdade de direitos entre temporários e concursados, e equiparação salarial como os funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Engenheiros, Arquitetos e Geólogos da Prefeitura do Rio também estão mobilizados e já realizaram paralisação na semana passada.
No Rio de Janeiro, rodoviários em luta por reajuste salarial e pelo fim da dupla função (motorista e cobrador) que já realizaram duas paralisações, farão assembléia na próxima terça-feira (27), quando haverá julgamento da legalidade da última greve no Tribunal Regional do Trabalho, e avaliam a proposta de adotar o sistema da ‘”catraca livre” para minimizar os transtornos à população.
Saúde também pára
Servidores da rede federal de Saúde realizaram manifestação na Zona Sul do Rio, na terça-feira (20), seguida de assembléia onde decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado contra a privatização da saúde e entrega dos hospitais federais à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Já os servidores estaduais também em greve por tempo indeterminado, reivindicam ainda reajuste emergencial de 100%, incorporação das gratificações, Plano de Cargos e Salários e concurso público já. Nova assembléia acontece hoje (22), na porta da Secretaria Estadual de Saúde, no Centro da cidade.
Professores
Professores das escolas municipais e estaduais do Rio iniciaram em 12 de maio uma greve unificada em defesa da educação pública no Rio de Janeiro. A próxima assembléia unificada será hoje (22), no Clube Hebraica, em Laranjeiras, com caminhada até o Palácio Guanabara e o Palácio da Cidade. Entre as reivindicações também está um reajuste salarial de 20%, redução da jornada de trabalho de 40h para 30h semanais e um projeto de educação integral.
Em Niterói, após uma greve de três dias na semana passada, professores e funcionários da rede municipal de educação paralisaram as atividades por 48h, na terça-feira (20) e quarta-feira (21). A categoria fará uma assembleia na quarta-feira (21) para decidir se a mobilização ocorrerá por tempo indeterminado. Professores de São Gonçalo, Caxias, Nilópolis e Cachoeira de Macacu também estão realizando paralisações.
Já os docentes de universidades e institutos federais no Rio de Janeiro, participaram na quarta-feira (21), do dina nacional de luta dos servidores da educação. Diversas universidades estão em greve por tempo indeterminado, entre elas a Uerj, com aulas suspensas desde 7 de maio. Os professores do Colégio Pedro II também iniciaram paralisação por tempo indeterminado no sábado (17). Na quarta-feira (21), entre as diversas atividades da greve, aconteceu uma aula pública, na Praça XV.
Vigilantes
Em 16 de maio, 21 dias após o início da greve da categoria, o sindicato patronal reabriu as negociações com os trabalhadores. Com data-base em março, a categoria reivindica 10% de reajuste salarial, aumento do tíquete-refeição para R$ 20, pagamento do adicional de risco de vida e do adicional de periculosidade. Após três rodadas de negociação, o sindicato patronal ofereceu 7% de reajuste salarial e R$ 13 reais de tíquete.
O Sindicato também reivindica plano de saúde pago pelas empresas, redução da jornada de trabalho, além da diária de R$ 180 para os agentes privados que vão trabalhar na Copa do Mundo. Em 12 de maio, a desembargadora do Trabalho Angela Fiorencio, considerou a greve legal, determinando a manutenção de 40% do efetivo de vigilantes em serviço.
Cultura
Servidores da Cultura no Rio iniciaram greve por tempo indeterminado da segunda-feira (12). Segundo a organização do movimento grevista, praticamente todos os 30 museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) estão fechados, como o Museu Imperial de Petrópolis, o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu da República.
Há dez anos, não há atendimentos das reivindicações dos servidores da Cultura, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). A paralisação é nacional e podem prejudicar serviços como as grandes festas juninas no Nordeste. Recomposição salarial imediata, equiparação salarial, unificação da categoria, garantia de discussões futuras e o fim da contratação de terceirizados são as principais reivindicações.
Policiais
Policiais civis do Estado do Rio realizaram paralisação de 24 horas na quarta-feira (21) e debatem novos protestos. A categoria realizou operação padrão nas delegacias priorizando autos de em flagrante e casos de violência e grave ameaça à ordem pública. Incorporação das gratificações de Delegacia Legal e Core, Plano de Cargos e Salários, o aumento no valor do tíquete-refeição e do vale transporte são as principais reivindicações. Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins também participaram da paralisação.
Os policiais federais, rodoviários federais e militares também poderão aderir ao movimento que cobra uma política nacional de segurança pública voltada para a defesa dos cidadãos e melhores condições de trabalho, implementações de políticas de segurança pública e reações contra a violência, corrupção, impunidade, sucateamento das forças policiais e principalmente a desvalorização da categoria.