A segurança física e financeira dos jornalistas do Rio pautou a assembleia da campanha salarial nesta terça-feira (18) no auditório do Sindicato. Os trabalhadores definiram que as lutas por melhores salários, pelo retorno do piso salarial e pela proteção aos jornalistas durante o exercício da profissão devem ser os principais eixos na negociação com os patrões este ano.
A morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade tornou ainda mais urgente a inclusão de novos itens que garantam a segurança para o jornalista trabalhar. A assembleia concordou com a realização de reuniões paralelas à campanha salarial entre Sindicato e patrões apenas para tratar da proteção dos profissionais. Além da atualização do rol de equipamentos de segurança, como capacetes e máscaras antigás, a pauta deste ano reivindica pagamento de 30% de adicional de periculosidade e a instalação de comissões de segurança nas redações [leia as outras aqui]. O treinamento para situações de risco que é oferecido aos jornalistas das redações em parceria com os patrões e a ONG INSI deverá ser aprimorado, decidiu a assembleia.
As sugestões da plenária emergencial dos jornalistas do último dia 10 também foram referendadas pela assembleia. Propostas daquele encontro, o inquérito do Ministério Público do Trabalho para apurar as condições de segurança na Band, a denúncia à Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o clima de insegurança vivido pelos jornalistas do Rio hoje, o ênfase à segurança na negociação com os patrões e o ato em solidariedade e em defesa dos jornalistas na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) já foram realizados pelo Sindicato. Veja as demais sugestões.
Jornalistas do Rio não têm piso salarial há mais de uma década
A melhoria dos salários dos jornalistas do município forma o outro eixo no qual o Sindicato segue firme na negociação com os patrões. A assembleia concordou com o uso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado somente na cidade do Rio, o mais alto entre as capitais e que também supera a média nacional, para reajustar os salários dos trabalhadores. Um percentual de 5% seria adicionado à essa reposição da inflação. Os patrões ainda não deram uma resposta sobre essa proposta.
O retorno do piso salarial também é prioridade. Os jornalistas do Rio não contam com o benefício há mais de uma década, o que contribuiu para a desvalorização dos salários nas redações cariocas. A assembleia desta terça definiu que é necessária uma campanha, com adesivos e broches, para alertar a categoria da importância do piso, que impede o pagamento de baixíssimos salários como vemos hoje. O Rio de Janeiro é a única cidade entre as grandes capitais que não tem piso salarial. O valor que o Sindicato negocia, e que já enfrenta resistência dos patrões, é de R$ 4.927. A cifra segue o salário mínimo de referência, recurso adotado pelo Sindicato hoje, mas que não tem valor legal.