As negociações da Campanha Salarial chegaram a um impasse criado pelas empresas de radiodifusão do Rio de Janeiro. Seus representantes na mesa de negociação rejeitam qualquer medida para melhorar a vida dos jornalistas e insistem numa proposta rebaixada de acordo, que não condiz com os lucros que os patrões do segmento vêm obtendo ano após ano. Os resultados expressivos lhes dão todas as condições de atender plenamente a nossa pauta, o que não acontece por ganância e puro descaso com a nossa categoria.
Com as empresas que editam jornais e revistas, a situação é mais grave: desde abril, os patrões têm se recusado a marcar novas reuniões, apesar da insistência do Sindicato. Alegam uma crise no setor, citando dados de queda da receita com publicidade. Mas a pesquisa Inter-Meios, da revista ‘Meio & Mensagem’, aponta um cenário promissor para 2014: crescimento de 6% entre os jornais e 4% para revistas.
A única forma de mudar esse quadro é aumentar a participação dos jornalistas na campanha salarial e a pressão sobre os patrões. Nesta quarta-feira (21/05), haverá nova rodada de negociação com as empresas de radiodifusão. Vamos demonstrar a nossa força participando da assembleia do dia 22, que terá duas sessões: uma às 13h, no Colégio Divina Providência (Rua Lopes Quintas 274 – Jardim Botânico) e outra às 20h, no auditório do Sindicato (Rua Evaristo da Veiga 17, 16º andar – Centro). A união da categoria é fundamental neste momento decisivo.
Proposta patronal é puro desrespeito com os jornalistas
Os patrões só querem repôr as perdas salariais com os 5,26% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de fevereiro, um dos mais baixos do país. Aumento real nem pensar. Também não querem piso salarial condizente com o nosso custo de vida e oferecem migalhas para o tíquete-refeição (R$ 200 por mês ou menos de R$ 8 por dia).
Já as discussões sobre segurança têm despertado pouco interesse das empresas, que também emperram a negociação pela inclusão do Código de Ética do Jornalista no acordo. Reivindicamos a inclusão do Código de Ética para dar respaldo legal à cláusula de consciência, que permite ao jornalista recusar tarefas que firam a ética ou as suas convicções. Também exigimos segurança para a proteção dos profissionais.
Vamos reconquistar o piso salarial que perdemos há 18 anos
O Rio de Janeiro é uma cidade com grande concentração de empresas de comunicação. No entanto, os jornalistas cariocas não contam com um piso salarial. A ideia do piso é ter previsto em Convenção Coletiva um valor mínimo que nos garanta um salário digno. A briga é por um piso de R$ 4.927, calculado pelo Dieese a partir do custo de vida médio da nossa categoria.
Os patrões dizem que os valores oferecidos, baixíssimos, são oferta única dentro da realidade do mercado de trabalho: é pegar ou largar. A proposta deles sugere pisos de R$ 1.274 (televisão), R$ 1.132 (rádio), R$1.100 (trainee de jornais e revistas) e R$ 1.250 (repórter de jornais ou revistas efetivado após um ano) para cinco horas de trabalho diárias. Para se ter uma ideia de como são rebaixadas estas propostas, o piso era de R$ 400 quando foi extinto, em 1996 – ano em que o salário mínimo nacional estava em R$100.
Os lucros das empresas crescem, e a ganância também
Apesar da mão fechada e do discurso que evoca uma eterna crise, os lucros das empresas com faturamento em publicidade não param de subir. Somente a TV aberta deve lucrar 10% a mais este ano em comparação com o ano passado, de acordo com a pesquisa Inter-Meios da revista ‘Meio & Mensagem’. Em 2013, a receita publicitária na TV aberta aumentou 9% em relação ao ano anterior, segundo o Ibope Media. O rádio, também em 2013, faturou 9,67% a mais do que em 2012.
A pesquisa, que mede os investimentos publicitários em diversas mídias, aponta ainda que a Copa traz perspectivas de crescimento promissoras para rádios (10%), jornais (6%) e revistas (4%). Isso sem falar da internet, onde todas as empresas estão presentes, que faturou R$ 1,4 bilhão em 2013 e espera ver a receita de anúncios crescer 10% este ano.
O QUE QUEREMOS:
– Reajuste salarial de 11,47% (equivalente a reposição da inflação de 6,47% do IPCA Rio acumulado entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014 mais 5% de aumento real)
– Participação nos Lucros e Resultados com pagamento em cota única em junho de 2014, equivalente a um salário
– Piso salarial de R$ 4.927 para jornada de cinco horas
– Fim das jornadas estendidas para além de seis dias sem uma folga semanal
– Fim da prática de desconto de 21 horas mensais do banco de horas
– Adicional de reprodução de matéria equivalente a 100% do salário-dia para cada utilização por outro veículo de comunicação, autorizada pelo empregador
– Fim do acúmulo de função conforme o artigo 14, inc. I do Código de Ética
– Adicional de chefia ou cargo de confiança não inferior a 50% do salário base
– Tíquete refeição no valor de R$ 29
– Auxílio-alimentação no valor de R$ 700
– Instalação de creches nas dependências das empresas, independente do número de empregados (as) ou convênio com creches autorizadas pelos órgãos públicos, para atendimento dos filhos de jornalistas até os seis anos de idade. As empresas que não tiverem nenhuma dessas opções devrão ressarcir as despesas mensais até o valor de um salário mínimo.
– Plano de saúde médico e odontológico para jornalistas e seus dependentes, inclusive companheiros.
– Adicional de periculosidade de 30% sobre o salário dia do profissional durante período de cobertura externa de conflitos sociais, catástrofes naturais ou ocasionadas pela ação humana e eventos de grande afluxo de pessoas
– Observância do Código de Ética, reconhecimento da cláusula de consciência e do direito do jornalista se recusar a realizar tarefas em desacordo com os princípios do Código, ou que agridam suas convicções.
– Comissão de redação composta por três jornalistas por empresa, com garantia de estabilidade no emprego desde a candidatura até o final do mandato.