Na retomada das negociações com o Sindicato das Empresas de Rádio e TV, a proposta colocada na mesa pelos patrões soou como piada. Ou até pior: chanchada. Durante a reunião de quarta-feira (28/3), foi apresentado um reajuste de 5,7%. Isso mesmo: um índice ainda menor que o IPCA registrado entre janeiro do ano passado e deste ano. É mais baixo também que o INPC carioca e 0,7% superior ao INPC nacional.
Além de não aceitar incluir no acordo coletivo dos jornalistas de rádio e TV cláusulas de segurança – como obrigatoriedade de as empresas fornecerem colete à prova de balas e carro blindado para equipes de reportagem em áreas de risco –, o patronato demonstra não valorizar a qualidade de vida de seus profissionais.
Esta prática, com a decepcionante proposta de reajuste de 5,7%, é jogada para atrasar a assinatura do acordo. Na busca de que este índice suba alguns pontos, semanas em reuniões são perdidas. E o reajuste demora a ser definido.
Segundo um dos representantes patronais, o índice apresentado “é o que as empresas podem pagar”. Poderia ser outra piada. A contar apenas pelo setor de televisão no Rio de Janeiro, o crescimento nos lucros foi superior a 10%, conforme divulgado pelo Projeto Inter-Meios, a partir de dados das próprias empresas.
A comissão de negociação do Sindicato dos Jornalistas permanece exigindo um reajuste que realmente recomponha as perdas salariais da categoria – levando em consideração a inflação sobre itens como educação, transporte e aluguel. Pelo IPCA de 2011, os cursos de idiomas do Rio, por exemplo, exigidos por muitas empresas de comunicação, encareceram 13,3% – 7,6% acima do reajuste proposto pelo patronato.
Em paralelo às negociações de jornal e revista e de rádio e TV, a Comissão Paritária de Segurança se reuniu na última terça-feira (27/3) para definir o treinamento a jornalistas em áreas de risco. Esta comissão é formada por representantes dos trabalhadores e dos empresários, e tem a participação do International News Safety Institute (Insi), que vai organizar o curso.
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