por Arthur Lobato, texto publicado no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
Cuidado! Uma nova modalidade de roubo está acontecendo em diversas empresas. E os jornalistas também estão vivenciando este fenômeno que está se transformando em uma verdadeira epidemia, pois, os dados são alarmantes, muitos já foram vítimas da “saidinha de banco de horas”.
Apuramos que os meliantes atuam seduzindo o trabalhador para que ele faça hora extra além da jornada de seu contrato de trabalho e que será compensado com folgas posteriormente. Assim. o gerente do departamento de recursos humanos vai acumulando horas extras do trabalhador no “banco de horas”.
Passado um mês o trabalhador vai conferir seus rendimentos de hora extra. Muitos acumulam por meses. Planejam uma viagem e, quando vão ao gerente, pasmem: são vítimas da saidinha do banco de horas!!!!!! As horas extras, feitas com tanto “sangue suor e lágrimas”, como diria Churchill, desapareceram do banco de horas e o gerente, antes tão solícito quando o trabalhador fazia hora extra, agora se nega ao diálogo. E não adianta apresentar papel dos créditos de hora extra, pois o roubo foi feito. As horas extras desaparecem, ou diminuem avassaladoramente.
Atônito o trabalhador tem sentimentos confusos. Revolta, frustração, ira, sentimento de ter sido um idiota e, principalmente, de ter sido explorado, enganado, ludibriado. Entende, então, o que é a “mais valia: seu excesso de trabalho não remunerado, é o lucro do patrão.
Alguns meliantes, dispondo de conhecimentos tecnológicos, chegam a fraudar eletronicamente o ponto, pois em algumas empresas o programa de horas trabalhadas só registra as horas de seu contrato. Como? Simples: não adianta fazer hora extra, pois o ponto só registra as 7 horas. Se isso não for fraude ou estelionato, não sei o que é. Aliás, sei sim, é roubo!!!!!
Os meliantes, não satisfeitos com a saidinha do banco de horas, atuam em outra fraude seriíssima: descontam do trabalhador o FGTS no contracheque, mas não repassam para a Caixa Econômica Federal. Assim, depois de sofrer a “saidinha do banco de horas”, quando vai conferir seu extrato de FGTS, o trabalhador constata que foi roubado também na grana de seu fundo de garantia por tempo de serviço.
A força destas quadrilhas é incrível, são organizações criminosas muito poderosas, pois através de pressão, ameaças, chantagem emocional, não pagam aos trabalhadores o salário, férias e ameaçam: SE NÃO ESTIVER SATISFEITO PODE PEDIR DEMISSÃO!!!! Há uma inversão de valores. E a vítima, agora, é culpada por querer exigir seus direitos.
Diante dos fatos descritos, só resta bradar a pleno pulmão a célebre frase do Carlinhos (Marx): “Trabalhadores de todo mundo uni-vos”. Somente organizados no coletivo podemos enfrentar a “saidinha do banco de horas” e outros assaltos aos nossos direitos trabalhistas. Procure seu sindicato, denuncie, não seja apenas um índice, mais um número nas estatísticas das vítimas da “saidinha do banco de horas”.
Arthur Lobato é jornalista de imagem e psicólogo