Na TV Brasil, no Rio de Janeiro, repórter cinematográfico muitas vezes acaba cumprindo a função de auxiliar de câmera: além de fazer imagens, o profissional tem que carregar ou testar equipamentos como rebatedor, microfone e tripé. Trata-se de um acúmulo de função, em que jornalistas fazem tarefas de radialistas.
De acordo com empregados da emissora, os repórteres cinematográficos são coagidos a desempenhar tarefas que não são suas. O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio cobrou da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) e da própria Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que acabem o quanto antes com a dupla função e respeitem as leis trabalhistas.
A Acerp admitiu que o problema ocorre com algumas equipes de reportagem e garantiu que logo a questão será solucionada com a chegada de novos concursados para a função de auxiliar de câmera de unidade portátil de externa. O déficit seria de três profissionais aproximadamente.
Em resposta ao Sindicato dos Jornalistas, a EBC também confirmou a previsão de novos auxiliares de câmera na TV Brasil no Rio de Janeiro – mas não deu prazo para a lotação dos novos concursados. Ainda de acordo com a EBC, a Acerp pode contratar, por ela mesma, novos profissionais para o desenvolvimento da atividade.
Um dos motivos deste déficit de profissionais é o problema na gestão da mudança no quadro de jornalistas e radialistas na TV Brasil diante da proximidade do fim do contrato da Acerp com a EBC e a nova lei que rege a televisão pública – que obriga a contratação por meio de concurso público. O repasse da empresa para a associação em 2013, último ano do contrato, será de R$ 30 milhões.
O Sindicato dos Jornalistas espera que o problema de acúmulo de função seja solucionado rapidamente – até porque a TV pública deve dar exemplo aos demais veículos de comunicação. Caso contrário, o Sindicato vai encaminhar a questão para o Ministério Público, como fez em agosto de 2011, quando os repórteres cinematográficos da Acerp eram contratados como operadores de câmera. Após acordo na Procuradoria do Trabalho, em fevereiro do ano passado, a associação regularizou o contrato de 12 repórteres cinematográficos.
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