Jornalistas querem reajuste salarial que considere a inflação do Rio, uma das mais altas do país
Cidade maravilhosa, olímpica e… cara demais. Para fazer frente à escalada dos preços no Rio, os jornalistas vão propor pela primeira vez um reajuste baseado na inflação apurada na capital fluminense, e não no índice nacional. Somente entre janeiro e dezembro do ano passado, o custo de vida avançou 6,16% no Rio ante 5,91% da média nacional, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. A proposta, aprovada em assembleias do dia 14/01, reivindica a reposição de 100% das perdas com a inflação mais 5% de aumento real.
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Além do reajuste, a proposta da campanha salarial deste ano inova por incluir cláusulas que garantam o cumprimento do banco de horas nas redações de TV, rádio, jornais e revistas e por fixar o piso dos jornalistas do Rio, a única entre as grandes capitais em que os profissionais de imprensa não têm um valor mínimo garantido pela convenção coletiva. A existência de um piso é importante para balizar as remunerações dos jornalistas na cidade e evitar que sejam pagos salários muito baixos.
O aumento do valor dos tíquetes de alimentação e de refeição também seguirá a lógica de uma das cidades mais caras do globo. Como mostram os números do IBGE, o custo de comidas e bebidas no Rio (9,34%) lidera entre as grandes capitais e também supera a média nacional (8,48%). A proposta aprovada pelas assembleias contempla R$ 29 por refeição e R$ 700 para compras em supermercado. Já a participação de lucros e resultados – pago como um abono, mas sem Imposto de Renda – será equivalente a um salário mensal do jornalista.
Violência contra jornalistas e manifestantes no Brasil pode virar tema de audiência na OEA
O relatório elaborado pelo Sindicato que mapeou os casos de violência contra jornalistas no Rio desde o início dos protestos do ano passado foi enviado para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O documento integra um pedido para a realização de uma audiência temática sobre a repressão do Estado às manifestações populares e é assinado por diversas organizações políticas e de defesa dos direitos humanos. Além do dossiê do Sindicato, que expõe casos de 49 profissionais de imprensa agredidos no Rio, o pedido de audiência inclui um relatório da ONG Justiça Global sobre violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante a onda de protestos iniciada em junho do ano passado.
Em tempos conturbados, regras claras de segurança para os jornalistas se tornaram fundamentais na negociação com os patrões de rádio e TV e jornais e revistas. Além da atualização da grade curricular do curso de segurança que é ministrado aos profissionais, e que será mantido na proposta, as assembleias de 14 de janeiro decidiram que as empresas deverão ainda prestar assistência médica de urgência, estimular o registro de ocorrência em casos de violência durante cobertura externas, e com apoio do setor jurídico, oferecer os equipamentos de proteção individual especificados e o estrito cumprimento do código de ética.
Nesta semana, o Sindicato advertiu os representantes patronais sobre a importância da segurança para jornalistas após uma equipe do jornal ‘O Dia’ ter sido ameaçada por homens em motos que tacaram bombas do tipo ‘cabeção de nego’ sob o carro da reportagem que cobria uma manifestação contra falta de luz na Estrada da Posse, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ninguém se feriu. Jornalistas do ‘SBT’ também foram ameaçados e deixaram o local.
Dinheiro retido de Tanure vai para ex-funcionários do Jornal do Brasil, decide Justiça
O dinheiro retido do empresário Nelson Tanure para o pagamento de dívidas do Jornal do Brasil vai para os ex-funcionários da empresa primeiro e não para o Citibank, decidiu a 1ª Câmara Cível do TJ do Rio por unanimidade. O desembargador Custódio Torres, que havia pedido vistas do processo na sessão do último dia 9, acompanhou o voto do relator, seu colega Camilo Ruliere, que já decidira em favor dos trabalhadores em outros dois julgamentos. O voto também foi seguido pelo desembargador Fábio Dutra. Basta agora que a 32ª Vara Cível envie ofício ao Banco do Brasil determinando os pagamentos, cuja soma alcança R$ 60 milhões dos R$ 110 milhões que a Justiça reteve do ex-dono do JB.
Empregados da EBC reagem contra as punições arbitrárias
A EBC tem sido autoritária e antidemocrática ao promover um ‘festival de advertências e punições sem direito à defesa e ao contraditório’, denuncia carta assinada pela comissão de empregados da empresa e pelos sindicatos de jornalistas e radialistas de Rio, São Paulo e Distrito Federal. De acordo com os funcionários, há uma clara intenção de ‘punir para dar o exemplo’, sem investigar e apurar as causas dos fatos. A carta reivindica que punições só sejam aplicadas após sindicância que assegure direito de defesa. No Rio, três funcionários já foram advertidos e um suspenso somente no último mês. Em protesto, jornalistas e radialistas vão realizar, na manhã de 31/01, o ato “Feirão das Advertências”, com muitas frutas, em frente à sede da EBC no Rio. Leia a carta completa.
Furnas promete avaliar jornada de cinco horas para jornalistas da empresa
A diretoria de recursos humanos de Furnas disse que avaliará, até fevereiro, a adaptação da jornada legal de cinco horas diárias para os jornalistas que trabalham na empresa. A promessa foi feita durante reunião com o Sindicato na sede da empresa no Rio. Os representantes de Furnas lembraram que o caso dos jornalistas é similar ao dos profissionais de serviço social, que tiveram sua jornada reduzida na empresa após aprovação de lei no Congresso.
Tribunais decidem em favor dos trabalhadores e determinam correção do FGTS pela inflação
A Justiça começa decidir sobre as ações que pedem a correção do FGTS pela inflação e não pela Taxa Referencial (TR). Decisões de tribunais federais de Minas Gerais e Paraná condenaram a Caixa Econômica Federal a recalcular o dinheiro depositado no fundo de correntistas desde 1999. É a primeira vez que a Justiça decide sobre ações desse tipo. O banco disse que vai recorrer da decisão.
O Sindicato também vai entrar com uma ação coletiva para garantir aos jornalistas do Rio o direito à correção do fundo de garantia desde 1994. Para ingressar no processo, os asssociados em dia devem trazer os seguintes documentos: CPF, comprovante de residência, extrato analítico do FGTS fornecido pela Caixa e cópia de toda a carteira de trabalho.
Estudantes, professores e jornalistas entram na briga pelo estágio decente
Uma campanha pela regulamentação do estágio deve ser a primeira atividade a ser construída pela comissão de integração da universidade com o meio profissional, uma iniciativa do Sindicato. O grupo, que reúne jornalistas, estudantes e professores, reuniu-se pela primeira vez na semana passada e debateu a importância de unir as realidades acadêmica e sindical em prol de bandeiras em comum. Para a próxima reunião, marcada para o dia 14/02, a comissão pretende discutir a ética na profissão, a realização de uma pesquisa com os estudantes de jornalismo e a participação na luta pela ocupação popular do Canal da Cidadania, além, claro, da campanha pelo estágio decente. Participaram do encontro representantes de UFRJ, UERJ, UFF, UFRRJ, PUC e Gama Filho, além da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos).
Adeus a Albeniza Garcia
A morte da jornalista Albeniza Garcia comoveu a imprensa carioca. Primeira mulher a cobrir reportagens de polícia no Brasil, ela faleceu no dia 16/01 aos 84 anos, de insuficiência respiratória e broncoaspiração. A repórter trabalhou em redações por mais de 50 anos e se consolidou como referência para gerações de jornalistas da imprensa carioca.
Albeniza era determinada ao ponto de, aos 18 anos, procurar Roberto Marinho em busca de emprego na editoria de polícia do Globo, de acordo com relato publicado no site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O patrão teria achado a jovem franzina de um metro e meio de altura mais apropriada para a cobertura de ‘chás-dançantes ou desfiles de moda’, mas ela foi enfática em dizer que queria a vaga na Repol.
Ela ganhou prêmios importantes como o de Direitos Humanos da Sociedade Interamericana de Imprensa, em 1995, pela série de reportagens ‘A infância perdida’, e o Esso, em 1997, por ‘Infância a serviço do crime’. Ela deixa três filhos e quatro netos.
A família e os amigos de Albeniza anunciaram a intenção de contribuir para a preservação da memória do jornalismo policial por meio de depoimentos e da doação de trabalhos produzidos pela repórter ao Centro de Cultura e Memória do Jornalismo do Sindicato.