“A disputa entre o caráter político do jornalismo versus o tecnicista permeou todo o debate realizado por nossa categoria representada pelos mais de 100 delegados e observadores participantes do congresso de Maceió.
A defesa do tecnicismo do jornalismo se fez clara no discurso do Estado e dos patrões presentes não só nas mesas de debates como nas marcas dos patrocinadores do evento. Entre estes, houve representantes de órgãos e empresas públicas da administração direta e indireta, assim como o apoio de jornais pertencentes a políticos de Alagoas, como Fernando Collor de Melo, e da Federação das Indústrias do estado.
Em uma das contradições da lógica conceitual do evento, o discurso em defesa do caráter político do jornalismo, com a técnica posta a serviço da política e não o inverso, foi garantido pelo palestrante francês Dominique Wotton. O sociólogo denunciou a apropriação da nossa atividade profissional, como instrumento de poder, pelo capitalismo desenfreado para atender a seus interesses políticos e econômicos, de forma que tem sido prejudicado o exercício do jornalismo a serviço do interesse público, em favor do lucro de alguns poucos conglomerados privados de comunicação.
Lamentei ao final do congresso o fato de que ainda precisaremos avançar muitos passos no sentido da união e da mobilização para a luta para podermos reunir forças ao ponto de conquistar a valorização da nossa categoria e os nossos mais básicos direitos. Comemorei, no entanto, a convicção de que a realidade já começa a apresentar alguns sinais de mudança, do despertar dos jornalistas para a necessidade de lutar por dignidade, por formação qualificada, pelo respeito a nossa ética profissional, justamente para que que possamos nos orgulhar de cumprir plenamente o nosso papel na sociedade, o papel de defensores dos direitos humanos, da democracia e da liberdade”. – Paula Máiran