É hora de união e mobilização dos jornalistas por melhores salários, piso e mais direitos. O desrespeito demonstrado pelos patrões ao recusar as reivindicações dos trabalhadores gerou um impasse na mesa de negociações. As empresas de comunicação recusam-se a conceder aumento real, insistem na reposição da inflação usando o mais baixo índice apurado no país, o INPC (5,26%), resistem a aceitar proposta de piso salarial condizente com o custo de vida dos jornalistas hoje e oferecem migalhas para os tíquetes alimentação e refeição (R$ 7,69 por dia). Diante desse cenário, assembleia desta terça-feira (29) no Sindicato decidiu recusar a proposta patronal e ampliar a luta pela nossa pauta de reivindicações.
Os patrões têm sido intransigentes ao longo da campanha salarial demonstrando com as propostas que apresentam desrespeito com os jornalistas. Para romper esse bloqueio, a assembleia deliberou ser necessário incrementar a mobilização dos jornalistas, aprovando um calendário de panfletagens na porta das redações, com carro de som, transmissões em vídeo sobre o que está em negociação, além dos informes nas redes sociais e neste boletim semanal. É possível vencer a ganância dos patrões com a união da nossa categoria.
A próxima rodada de negociações está marcada para a próxima quarta-feira (07/05). Antes disso, estão marcadas panfletagens com carros de som na frente da Rede Record, em Benfica, SBT, em São Cristóvão, e Sistema Globo de Rádio, na Glória, na manhã desta segunda-feira (05/05). Mais informações no telefone (21) 99439-2951.
Proposta de reajuste e piso salarial é puro desrespeito com os jornalistas
A pauta de reivindicações apresentada pelo Sindicato no início da campanha salarial prevê a reposição da inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido na cidade do Rio. Esse indicador, que alcançou 7,62% em fevereiro deste ano, é o mais próximo da nossa realidade. A esse percentual seria adicionado 5% como aumento real, totalizando um reajuste de 11,47%. Os patrões querem apenas repôr as perdas salariais com os 5,26% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de fevereiro, indicador nacional que costuma ser um dos mais baixos apurados no país. Aumento real nem pensar, dizem.
A avareza também se estende às negociações do piso salarial, direito que os jornalistas do Rio perderam há mais de uma década. Enquanto o Sindicato defende os R$ 4.927 para jornadas de cinco horas, os patrões respondem com propostas irrisórias de R$ 1.274 (televisão), R$ 1.132 (rádio), R$ 1.100 (trainee de jornais e revistas) e R$ 1.250 (repórter de jornais ou revistas efetivado após um ano). Esses valores não condizem com o tamanho e a importância nacional do mercado de trabalho para jornalistas no Rio.
Vale-refeição oferecido pelos patrões não dá para comprar nem um açaí
A boa alimentação dos trabalhadores também não preocupa nem um pouco as empresas, pelo que se vê nas negociações. O valor de face do tíquete alimentação oferecido pelas de radiodifusão mal daria para comprar um açaí (R$ 7,69) em um Rio de Janeiro de preços surreais. Pesquisa recente da Assert, associação nacional das empresas de tíquetes refeição e alimentação, conclui que o preço de uma refeição na cidade do Rio é de, em média, R$ 37. Para o vale alimentação, a oferta é tão pobre quanto: R$ 200 por mês. O Sindicato defende R$ 700 para compras em supermercados e R$ 29 por dia para refeições feitas fora de casa.
Apesar da mão fechada e do discurso que evoca uma eterna crise, os lucros das empresas com faturamento em publicidade não param de subir. Somente a TV aberta deve lucrar 10% a mais este ano em comparação ao ano passado, de acordo com pesquisa da revista ‘Meio & Mensagem’. O levantamento, que mede os investimentos publicitários em diversas mídias, aponta ainda que são promissores os horizontes de crescimento para rádios (10%), jornais (6%) e revistas (4%). Isso sem falar da internet, onde todas as empresas estão presentes, que faturou R$ 1,4 bilhão em 2013 e espera ver a receita de anúncios crescer 10% este ano.
Para reverter esse quadro, e obrigar os patrões a abrirem o cofre, é necessária uma maior participação dos jornalistas nas assembleias e demais atividades da campanha salarial. A força de um Sindicato emana de todos os associados, não ficando restrita apenas a seus diretores. Para resgatarmos a dignidade e o respeito da nossa categoria é preciso vencer o medo e se juntar à luta coletiva, que é de todos os jornalistas do Rio!
Veja todas as propostas da pauta de reivindicações da campanha salarial
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