Dentro de poucos dias, quase 150 milhões de brasileiros estarão indo às urnas em todo o Brasil. Mas existe uma nuvem autoritária, ameaçadora, que ronda essas eleições. Propostas saudosistas de um período triste da nossa história — a ditadura militar instalada em 1964 — vêm sendo evocadas com insistência por um dos candidatos à presidência. Para ele, não existiu ditadura naquele período.
Esse mesmo candidato já deu entrevista à TV, em passado recente, afirmando que é favorável à tortura; que se um dia fosse eleito presidente do Brasil sua primeira medida seria fechar o Congresso; e que a ditadura matou pouca gente – seria necessário exterminar, segundo ele, pelo menos 30 mil pessoas, “ainda que morram inocentes”.
São amplamente conhecidas, também, suas declarações racistas, homofóbicas, banalizando a violência contra a mulher e a prática do estupro.
Como se não bastasse, esse candidato escolheu como vice-presidente, em sua chapa, um general da reserva que comunga com as mesmas idéias, e que já se declarou favorável a um “autogolpe”, com apoio das Forças Armadas, em caso de “anarquia”.
Para tornar seu discurso ainda mais intimidador, o candidato em questão tem levantado, previamente, suspeita de fraude no resultado das próximas eleições, por desconfiar da eficácia das urnas eletrônicas.
Tudo isso é assustador.
Até hoje o Brasil está se recuperando daquele passado sinistro da ditadura militar, que só nos trouxe tristeza, que fez chorar Marias e Clarices, como na música inesquecível de João Bosco e Aldir Blanc.
Sabemos que em regimes autoritários a primeira vítima é sempre a liberdade de expressão. Diante disso, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro manifesta seu absoluto repúdio a quaisquer propostas saudosistas da ditadura militar; reafirma sua crença na democracia; exige o respeito ao resultado das urnas; e conclama os profissionais da imprensa e de todos os meios de comunicação a se unirem em defesa da nossa ainda frágil democracia.