Na primeira reunião de retomada das negociações salariais – suspensas desde março por decisão unilateral das empresas – o patronato de jornais/revistas e de rádios/tevês simplesmente decidiu que caberá aos trabalhadores pagar a conta dos supostos prejuízos advindos da Covid-19.
Na quinta-feira, dia 1/10, o setor de impresso propôs reajuste zero para salário, piso salarial e todas as cláusulas econômicas: alimentação, reembolso funeral, reembolso creche ou babá, seguro de vida, multa por descumprimento da CCT. Também disse não ao pagamento da PLR 2019, à normatização do home office (trabalho remoto) e à saúde do trabalhador na pandemia. Segundo o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas no Município do Rio de Janeiro, as empresas não só sofreram redução drástica da receita como tiveram que arcar com novos custos com a aquisição de equipamento de proteção da Covid-19 e readequação dos ambientes de trabalho.
Justificativa semelhante foi utilizada na sexta-feira, dia 2/10, na reunião com as empresas de radiodifusão. De acordo com o Serterj (Sindicato das Empresas de Radiodifusão no Estado do Rio de Janeiro), o máximo que “o mercado” pode bancar é um reajuste de 2% nos salários e cláusulas econômicas (sem retroativo), a ser pago só a partir de janeiro de 2021. Eles também não aceitam incluir na Convenção Coletiva novas cláusulas, referentes ao home office (trabalho remoto), nem a extensão da CCT por dois anos – de 2020 a 2022. Esse último ponto é importante porque a nossa data-base é 1º de fevereiro e a extensão da CCT até janeiro de 2022 poderá assegurar o cumprimento das cláusulas a partir de fevereiro de 2021, evitando um passivo de retroativo que as empresas vem se negando a pagar nos últimos anos.
O Sindjor contestou as duas propostas e cobrou, tanto do setor de impresso como da radiodifusão, a apresentação de balanços que comprovem essa redução drástica no faturamento, o que foi rejeitado pelo setor de radiodifusão. O setor de impresso se mostrou acessível a discutir uma proposta de reajuste salarial a partir da composição de uma cesta de indicadores que apontem a recuperação do setor e acionem gatilhos para a compensação das cláusulas econômicas.
As próximas reuniões estão marcadas para o dia 9/10 (radiodifusão) e 15/10 (impresso).
MEDIAÇÃO NO MPT
A retomada das negociações salariais só foi possível depois que o nosso Sindicato recorreu ao Ministério Público do Trabalho, solicitando uma mediação. Na audiência realizada no dia 24/9, os procuradores Isabela Mendonça e Jefferson Luiz Rodrigues orientaram a que as partes, representantes dos trabalhadores e do patronato, realizassem reuniões semanais de negociação durante todo o mês de outubro visando concluir o acordo ainda em 2020. O processo será acompanhado pelo MPT até a sua conclusão.
MOBILIZE-SE! PARTICIPE!
O Sindicato fará uma consulta à categoria para saber quais os pontos inegociáveis da nossa proposta e quais as formas de mobilização para garantir conquistas na CCT 2020. Converse com os colegas sobre as propostas, responda a pesquisa. E compareça à assembleia virtual que será convocada para decidirmos juntos sobre a Convenção Coletiva.
NOSSA PROPOSTA E A RESPOSTA DAS EMPRESAS