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quinta-feira, janeiro 30, 2025
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Campanha salarial 2025: empresas querem reajustar salários e benefícios abaixo da inflação!

Contraproposta dos patrões foi recusada em mesa pelo SJPMRJ. Negociação continua no dia 4 de fevereiro.

A contraproposta apresentada esta semana pelo sindicato patronal e as empresas de comunicação à Pauta de Reivindicações Unificada dos Jornalistas de Rádio/TV e Impresso visando a Convenção Coletiva de Trabalho 2025/2026 trouxe consigo decepção e uma triste constatação: os gestores à frente dessas corporações não valorizam o seu maior patrimônio – seus trabalhadores. 

O fato é que as contrapropostas apresentadas pelo patronato nas duas reuniões realizadas na terça-feira (28) – radiodifusão, pela manhã, e jornais e revistas, à tarde, ambas REJEITADAS pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio em mesa – dificultam em muito o bom andamento das negociações. Senão, vejamos:

RÁDIO e TV – Os jornalistas pediram reajuste em 100% (cem por cento) da inflação acumulada, medida pelo INPC-IBGE no período de 1o de fevereiro de 2024 a 31 de janeiro de 2025, e um percentual de 5% a título de recomposição das perdas salariais. OS PATRÕES acenam com ridículos 4% para cobrir a inflação, que deve fechar os últimos 12 meses com um acumulado de 4.33% (de acordo com dados preliminares do Banco Central, levantados pelo Dieese, que sinaliza uma deflação em janeiro), e zero de recomposição das perdas dos últimos anos nos salários e benefícios. Entretanto, o fato é que em 2024, o INPC fechou em 4,77%, pressionado fortemente pelo grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,60% em 12 meses, gerando uma pressão de 1,83% sobre o INPC do ano. O custo alimentação impactou fortemente de forma negativa o já precário orçamento dos trabalhadoes em 2024.

JORNAIS E REVISTAS A situação no impresso é ainda mais vergonhosa. OS PATRÕES acenam com uma proposta indecorosa de 3,5% de aumento para a inflação no período, e também zero de recomposição das perdas.

Um dado que ilustra bem o que representa em termos de perda a contraproposta patronal é que os 4% oferecidos para rádio/TV e os 3,5%, ainda pior, para jornais e revistas, deixam o piso profissional MENOR que dois salários mínimos. Façam as contas – piso de TV com 4%: R$ 2.670,65; piso de rádio com 4%: R$ 2.399,06; piso do impresso com 3,5%: R$ 2.678,04.  SALÁRIO MÍNIMO EM 2025 – R$ 1.518,00; ou seja, o piso dos jornalistas não chega a dois mínimos (R$ 3.036,00).

Importante destacar que os baixíssimos índices de reajustes oferecidos pela bancada patronal incidiriam também nos seguintes benefícios: Vale-refeição/alimentação; Reembolso auxílio-creche ou babá; Reembolso funeral; Seguro de vida; e Adicional por tempo de serviço.

Ou seja, o estrago para os jornalistas é amplo, geral e irrestrito!

Mas todo esse quadro, que tem na falta de sensibilidade e desvalorização dos jornalistas sua principal característica, não para por aí. Simplesmente são negadas sete cláusulas da Pauta de Reivindicações aprovada pelos jornalistas, sob o argumento de que estas impactam em políticas de recursos humanos específicas das empresas e não devem ser discutidas no âmbito da negociação da nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Um argumento questionável que cai por terra uma vez que no âmbito da negociação de jornais e revistas temos somente os veículos da Editora Globo presentes. E, dessa forma, as cláusulas não impactam políticas específicas desta ou daquela empresa – mas apenas de um grupo empresarial.

As cláusulas que as empresas não aceitam discutir no âmbito da negociação da CCT são: Home-office; Abono de falta no dia do aniversário; Garantia de emprego; Equidade racial; Plano de saúde e odontológico; Acompanhamento médico Covid-19 e/ou sequelas; e Observância do artigo 386 da CLT (que garante, no mínimo, duas folgas dominicais por mês para as empregadas mulheres).

Diante de um quadro com essa magnitude de perdas para os jornalistas, a posição do SJPMRJ só podia ser a de recusar, ainda na mesa de negociação, a contraproposta apresentada pelos patrões. Afinal, são os jornalistas os grandes responsáveis pela imagem e confiabilidade obtidas pelas empresas junto ao mercado. 

Itens que também se traduzem no campo financeiro em lucro, que de acordo com levantamento do Dieese, vem tendo uma trajetória consistente desde 2022 – em clara sinalização de recuperação por parte das empresas de comunicação. 

O Sindicato espera que na próxima rodada de negociação, marcada para 4 de fevereiro, haja melhora na contraproposta por parte do sindicato patronal e das empresas.

Valorizar o jornalista é investir na qualidade da informação e, portanto, no ganho das empresas. 

Todos atentos e mobilizados!

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