Campanha Salarial 2020
Empresas de radiodifusão querem reajustar salário e piso abaixo da inflação, reduzir ganhos com abono e participação nos resultados e congelar auxílios alimentação e creche
Na última terça-feira (11), 76 dias após a entrega da Pauta de Reivindicações dos Jornalistas do Rio para a negociação relativa à data-base de 1º de fevereiro de 2020, as empresas de radiodifusão apresentaram sua contraproposta aos representantes do nosso Sindicato.
Contraproposta patronal:
Contraproposta completamente destituída de sentido, vale adiantar. Foram dois meses e meio estudando com afinco como transformar a negociação com os jornalistas cariocas num espetáculo irracional.
Ou oferecer um reajuste menor que a variação da inflação dos últimos 12 meses para o piso e o salário pode significar outra coisa?
No período de um ano (fevereiro/2019 a janeiro/2020), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) acumulou elevação de 4,30% – mas as empresas de radiodifusão oferecem apenas 4% de reajuste; ou seja: não aceitam sequer recompor o poder de compra dos salários.
Estudo do Dieese mostra que no ano passado quase 50% dos reajustes salariais ficaram acima da inflação. Os reajustes iguais à inflação chegaram a 29%. As empresas de radiodifusão, seguindo esta lógica, querem nivelar nossa negociação por baixo. Acham que o jornalista carioca se alimenta de luz.
E mais: não aceitam retroagir o reajuste que for estabelecido na negociação a 1º de fevereiro (nossa data-base), propondo que o mesmo só impacte piso e salário “a partir da assinatura do Instrumento Coletivo”. Outro retrocesso.
Aumento real
É claro que esta contraproposta inviabiliza o que pedimos na 2ª cláusula da nossa Pauta de Reivindicações: aumento real de 4,5% para recompor parte das perdas acumuladas em negociações passadas.
Pesquisa feita junto à categoria em outubro de 2019 para subsidiar a construção da Pauta de Reivindicações revelou que a preocupação maior dos jornalistas se volta para os pleitos econômicos. O patronato sabe disso e mesmo assim vem com essa contraproposta esdrúxula.
Só pode ser provocação!
Abono e Participação nos Resultados
Não satisfeitas, as empresas de radiodifusão também querem rebaixar conquistas históricas da categoria, como o Abono e o Programa de Participação nos Resultados (PPR).
– Na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2019 foi pago o seguinte como Abono e PPR:
Empresas com até 15 jornalistas: 22% de abono sobre salário de até 5 horas mais 2 horas extras (mínimo: R$ 602,54/ máximo: R$ 1.179,04).
Empresas com 16 a 150 jornalistas: 30% de abono (mínimo: R$ 988,45/máximo: R$ 1.697,53).
Empresas que tenham acima de 150 jornalistas: 40% de abono (mínimo: R$ 1.629,05/máximo: R$ 6.516,19).
Pagamento em 1 (uma) parcela.
– Na Pauta de Reivindicações de 2020, pedimos:
Empresas com até 150 jornalistas: 40% de abono.
Empresas que tenham acima de 150 jornalistas: 50% de abono.
– Na contraproposta patronal para 2020 é oferecido:
Empresas com até 15 jornalistas: 20% de abono (mínimo: R$ 547,27/ máximo: R$ 1.071,85).
Empresas com 16 a 70 jornalistas: 25% de abono (mínimo: R$ 684,70/máximo: R$ 1.339,81).
Empresas que tenham acima de 70 jornalistas: 28% de abono (mínimo: R$ 766,86/máximo: R$ 1.500,59).
E pago em 2 (duas) parcelas.
– Além disso:
Na CCT 2019 não havia pré-requisitos para o pagamento do abono; e o pagamento da PPR era condicionado a no máximo 30 faltas sem justificativa por ano.
Na Pauta de Reivindicações de 2020, buscamos eliminar qualquer pré-requisito.
Já na contraproposta patronal de 2020, há os seguintes condicionantes:
– Máximo de 5 faltas sem justificativa;
– Máximo de 2 suspensões ou não demissão por justa causa até a data do efetivo pagamento;
– Que a empresa tenha alcançado resultado operacional positivo nos 12 meses que antecedem a data do efetivo pagamento;
– Empresas deficitárias negociam com o Sindicato condições diferenciadas ou a suspensão do pagamento.
Reajuste zero para alimentação, creche, seguro de vida etc.
Além de tentarem reajustar o piso e o salário abaixo da inflação e rebaixar o abono e a participação nos resultados, as empresas de radiodifusão oferecem zero de recomposição para os seguintes pleitos: auxílio alimentação, reembolso funeral, reembolso creche ou babá, seguro de vida e multa.
E querem congelar cláusulas a respeito de mensalidade sindical e contribuição assistencial negocial – numa ingerência sem sentido em assuntos relacionados à entidade sindical e ao conjunto dos jornalistas profissionais.
As empresas também se recusam a negociar os seguintes pleitos: aumento real; homologação no Sindicato a pedido do jornalista; plano de saúde/odontológico; adicionais de periculosidade, insalubridade e penosidade; comissão de segurança; adicional por multiplataforma, direito autoral e conexo; e defesa judicial.
Deve ser ressaltado que as empresas de radiodifusão estão se negando a discutir o tema da segurança mesmo quando há o registro do crescimento dos casos de violência contra veículos de comunicação e jornalistas, como aponta relatório produzido pela FENAJ e divulgado no Rio em janeiro deste ano com grande repercussão na mídia.
Próxima rodada de negociação
A próxima rodada de negociação ficou marcada para o dia 3 de março, após o carnaval. Na oportunidade iremos rechaçar a contraproposta irracional das empresas de radiodifusão. Um desrespeito à toda a categoria.
A primeira rodada de negociação da bancada que representa os veículos impressos (jornais e revistas) acontecerá em 18 de fevereiro, próxima terça-feira.
Chegou a hora do jornalista carioca botar a boca no mundo!
Exigimos respeito!
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