Para saber como estão as condições de trabalho dos jornalistas do município do Rio durante a pandemia do novo coronavírus, o Sindicato realizou uma pesquisa online com dois formulários distintos: um para quem está em home office e outro para os que permanecem com o trabalho presencial. Dentre os mais de 70 jornalistas, de diversas empresas, que responderam, a maioria está em regime de home office.
HOME OFFICE
Dos que estão em home office, 85,1%, não fazem parte de grupos de risco. Na contramão do que recomendam a Fenaj e a OIT para o teletrabalho, 70,2% dos trabalhadores afirmaram não ter recebido um computador da empresa para trabalhar durante o período de home office; 80,9% não receberam um celular funcional e 97,9% não terão seus custos com energia elétrica pagos pela empresa.
Mais da metade está fazendo horas extras e, destes, 60% não sabem se receberão e 32,5% afirmam que a empresa não pagará. O Sindicato está atento a essas irregularidades e vai cobrar das empresas.
É significativo o número de jornalistas que não possui plano de saúde e afirma não estar lidando psicologicamente bem com o isolamento social. Muitos apontam situações estressantes provocadas por demandas inadequadas para o período de pandemia. Também foi relatado aumento do consumo de álcool e dificuldade de equilibrar home office com as tarefas domésticas.
TRABALHO PRESENCIAL
Sobre as razões de não estarem em home office, vários jornalistas apontaram a impossibilidade de fazer em casa o trabalho de reportagem. No entanto, sugerem que deveria haver um rodízio maior dos escalados para o trabalho presencial.
Quanto ao ambiente de trabalho, 75% afirmaram que a empresa disponibilizou máscaras; 87,5% disseram que há álcool em gel disponível; 70,8% relataram que, no momento, o ambiente é higienizado com mais frequência. Além disso, 79,2% dispõem de material de limpeza para higienizar seus equipamentos de trabalho.
Sobre as medidas para preservação da saúde, 41,7% afirmaram que a empresa solicitou junto à Secretaria Municipal de Saúde vacinação contra a gripe para os jornalistas, 33,3% disseram que a empresa não solicitou e 25% não sabem. Cabe ressaltar que o nosso Sindicato enviou oficio à Secretaria solicitando que os jornalistas, por constituírem atividade essencial, fossem incluídos entre os prioritários na vacinação.
Em relação ao meio de transporte utilizado para chegar ao trabalho, 54,2% estão indo em veículo próprio, 25% de transporte público, 12,5% de Uber ou táxi pago pela empresa e 8,3% de Uber ou táxi pago com recursos próprios. Entre os que estão utilizando transporte público, há um grande receio de contaminação.
A maioria dos que estão trabalhando presencialmente tem plano de saúde e afirmou estar lidando bem com o trabalho durante o período da pandemia. No entanto, há relatos de insegurança diante de situações como a de funcionários com suspeita de Covid que voltam a trabalhar sem apresentar nenhum exame, não sendo possível saber se não estão mais transmitindo a doença. Os jornalistas que responderam à pesquisa reivindicaram a realização de testagem em massa de quem está na linha de frente e relataram a frequência de agressões à imprensa, o que gera medo e insegurança.
AÇÕES DO SINDICATO
O Sindicato tem se empenhado para auxiliar os jornalistas neste momento de pandemia. No SBT, onde já houve duas mortes e mais de duas dezenas de infectados, pedimos ao MPT a interdição da redação, em ação conjunta com o Sindicato dos Radialistas. O MPT acabou optando por medidas de adequação a serem tomadas pela empresa, deixando a possibilidade da interdição para o caso de descumprimento.
No jornal O Globo, numa ação unificada entre o Sindicato do Rio e os Sindicatos do Distrito Federal e o de São Paulo, conduzimos o processo de negociação com a empresa das propostas de redução de salários e jornada e de teletrabalho. Ao final, foi possível aos trabalhadores conquistarem a manutenção do vale refeição integral, manutenção do piso com a empresa fazendo a complementação, plano de saúde até 31 de dezembro, inclusive para os que forem demitidos no período da redução, controle de ponto virtual da jornada de trabalho e os compromissos da empresa de reembolso de eventuais despesas dos trabalhadores com o home office e de pagar extras que vierem a ser realizadas dentro do próprio período do contrato.
No jornal O Dia, oficiamos a empresa sobre a ilegalidade de redução de salários em março, portanto antes do início da vigência da MP 936, e cobramos o pagamento do vale refeição. Estamos realizando assembleias com os trabalhadores do jornal para acompanhar a evolução da situação.
O Sindicato também está em quarentena, mas os diretores estão trabalhando em regime de home office. Não hesite em nos procurar pelo e-mail sindicato-rio@jornalistas.org.br e pelo telefone 99278.2137.
Nossa atividade é essencial, mas essencial mesmo é a vida de cada jornalista.