Sindicato dos Jornalistas

sábado, novembro 23, 2024
InícioFENAJNOTA OFICIAL DA FENAJ

NOTA OFICIAL DA FENAJ

Leilão da sede não vai impedir FENAJ de continuar seu trabalho em defesa dos jornalistas, do Jornalismo e da democracia

Federação teve sua sede leiloada em razão de ação judicial, de 2016, impetrada por uma jornalista do Paraná para obtenção da Carteira de Jornalista, que foi concedida

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) informa à categoria e à sociedade em geral que, infelizmente, teve sua sede leiloada no dia 21 de maio. O leilão judicial eletrônico foi o desfecho de uma ação impetrada na Justiça do Trabalho, em 2016, por uma jornalista de Curitiba, para a obtenção da Carteira de Jornalista, documento com validade de identidade civil, expedido pela FENAJ por autorização do Estado brasileiro. A referida jornalista, formada em Relações Públicas e beneficiada pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que eliminou a exigência do diploma em Jornalismo para a obtenção do registro profissional, recebeu a carteira em 2017. A expedição, no entanto, por falha processual não foi juntada aos autos, o que resultou em multa para a Federação.

Para a FENAJ, esse é mais um caso em que fica evidente que a Justiça nem sempre é justa e que existem profissionais sem absolutamente nenhuma consciência da importância da luta coletiva e da preservação das entidades representativas. A FENAJ vai ficar sem sua sede por causa de uma Carteira de Jornalista, que foi entregue à solicitante. Afirmamos, entretanto, que o leilão da sede não vai impedir que a FENAJ continue à frente do movimento sindical dos jornalistas brasileiros, constituído pelos Sindicatos de Jornalistas e pela Federação. A luta é permanente e busca a garantia de trabalho e vida digna para a categoria, de valorização do Jornalismo e de defesa das liberdades de expressão e de imprensa, do Estado de direito e da democracia.

Esclarecemos que a atual Direção da FENAJ não teve como evitar o leilão, por não contar com recursos financeiros para a quitação da multa (cerca de R$ 380 mil, a serem atualizados na execução). Em sua última tentativa para adiar o leilão, a FENAJ foi novamente multada por uma juíza substituta da 19ª Vara do Trabalho de Curitiba, que considerou “atentado à dignidade à Justiça” o recurso apresentado. A multa foi de R$ 36 mil que, somados à multa da ação, ultrapassam a quantia de R$ 400 mil.

O leilão, entretanto, ainda não está consolidado. A atual assessoria jurídica da FENAJ está utilizando todos os recursos e está pendente de julgamento os embargos à arrematação que foram propostos.

É de conhecimento público os ataques que vêm sendo desferidos à classe trabalhadora e às entidades sindicais, com o objetivo de assegurar mais vantagens ao capital. A contrarreforma trabalhista, aprovada em 2017 no governo do golpista Michel Temer, foi também uma contrarreforma sindical, tirando das entidades importante fonte de financiamento. A FENAJ sentiu o golpe com a perda de 63% de sua receita, mas resistiu, se reorganizou e reforçou a luta.

Lembramos, por fim, que os jornalistas brasileiros, além de estarem sofrendo as consequências do desmonte dos direitos da classe trabalhadora e de sua organização sindical, têm sido vítimas de ataques específicos, voltados diretamente ao seu enfraquecimento como categoria. O primeiro desses ataques foi justamente contra a regulamentação da profissão. Em 2009, o STF, contrariando decisões anteriores da própria Corte, eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão. Mais recentemente, já no atual governo, houve uma tentativa de se eliminar a exigência do registro profissional, que, pela mobilização da categoria, não teve sucesso.

A categoria enfrenta, ainda, violência que, no Brasil atual, tornou-se quase cotidiana. Jornalistas são agredidos nas ruas e nas redes sociais, em ataques que têm sido protagonizados pelo próprio presidente da República. Jornalistas também são vítimas de ações judiciais que têm como objetivo restringir a livre circulação da informação jornalística. Isso significa que, no Brasil, há de fato uma institucionalização da violência contra a categoria, por ações dos poderes Executivo e Judiciário.

As entidades sindicais — FENAJ e Sindicatos — a despeito de todas as dificuldades enfrentadas, resistem e buscam ampliar a organização/mobilização em favor da categoria.

Finalmente, informamos que até o desenrolar de todo o processo, com a concretização do leilão, a FENAJ continuará no atual endereço e que alternativas para uma futura mudança já estão sendo avaliadas.

Brasília, 9 de junho de 2021.

Federação Nacional dos Jornalistas — FENAJ.

Mais notícias