Em um encontro marcado por uma rica troca de informações acerca dos direitos de cada cidadão e, em especial, dos aposentados e idosos, o Café da Manhã com os Aposentados do SJPMRJ, realizado sexta-feira (24), no auditório do Sindicato, fez bonito na data em que se comemorou o Dia Nacional dos Aposentados. O advogado Armando de Souza, especializado em responsabilidade civil e indenização, e Diretor Secretário de Relações Institucionais do IAB – Instituto dos Advogados do Brasil, convidado para este segundo Café da Manhã, deu ao encontro o brilhantismo que a data exigia ao abordar o direito social como base fundamental para o exercício da nossa cidadania.
Os direitos sociais no entender do Diretor Secretário de Relações Institucionais do IAB são os mais importantes de todos os direitos, independente da área ou segmento jurídico. “Não podemos abrir mão dos direitos sociais, conquistados duramente por todos nós. A sociedade precisa se conscientizar nesse sentido. E isso é decisivo para a pessoa, para o cidadão no exercício da sua cidadania. Abrir mão disso é um retrocesso imenso. A defesa do direito precisa estar presente nas questões mais simples do dia a dia como nas grandes questões nacionais”, afirmou.
De acordo com o advogado, a grande maioria da população desconhece seus direitos e por isso pouco luta por eles. Nesse sentido, o advogado enumerou vários casos vividos pelas pessoas no seu cotidiano que muitas vezes são relegados por falta de informação. Segundo ele, “o nosso papel, como neste encontro, é fazer circular a informação sobre os vários direitos, por exemplo, que estão sendo citados aqui. E para isso nada melhor que o boca a boca para pessoas que não têm acesso a estes conhecimentos. O idoso, seja aposentado ou não, tem vários direitos presentes no Estatuto do Idoso. Mas para que ele exerça é preciso que o estatuto chegue ao seu conhecimento e que ele saiba que tem força de lei. O papel da informação nesse contexto é decisivo”.
À medida que Armando de Souza citava os exemplos presentes no dia a dia das pessoas, casos como de um acompanhante de uma pessoa internada em um hospital, seja público ou privado, ter direito a dormir e refeição sem custo adicional, ou a não ter que visitar um doente somente em horário estipulado e sim dentro das suas disponibilidades, surgia entre os jornalistas presentes perguntas sobre as mais variadas situações, fomentando e enriquecendo o debate.
Casos como o citado pelo jornalista Cirilo Reis, como as frequentes violações por autoridades do poder público em estacionamentos ou o descaso pelos motoristas de ônibus no acesso de idosos, descrito pelo jornalista Carlos Rocha, entre outros, foram definidos pelo advogado como retrato da falta de informação que leva às pessoas a aceitarem estes desmandos e não serem protagonistas de direitos que lhes pertencem. “A sociedade acaba se acomodando e dando margem a estas violações”, ressaltou.
Após duas horas de muita conversa, todos os presentes foram unânimes em destacar o encontro como uma verdadeira aula sobre o direito e à importância da informação para seu exercício pela sociedade.
Para a jornalista Beth Costa, ex-presidente do SJPMRJ e da Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas, o encontro foi fantástico num “momento em que queremos trazer os nossos filiados aposentados com suas histórias de vida, de profissão para que se possa trocar ideias sobre problemas que nos afligem e experiências pessoais. E hoje foi particularmente interessante porque foi possível discutir algo que passa sem que nos demos conta, inclusive por nós jornalistas que lidamos com a informação, é a falta de informação sobre o direito dos aposentados, dos idosos e direitos em geral como cidadãos e cidadãs”.
O jornalista Hélio Araújo aplaudiu a iniciativa do SJPMRJ. “Importantíssimo esse resgate dos aposentados que estavam no limbo, esquecidos em várias situações. E esses termos abordados hoje aqui sobre as questões dos direitos de forma geral, não só com respeito a nossa categoria, são bastantes esclarecedores para o cidadão que muitas vezes desconhece o seu direito. Espero que venham os próximos para a gente estar aqui ajudando à sociedade como um todo e não só como aposentados”, afirmou.
A jornalista e professora Irene Cristina vê a iniciativa do Sindicato de encontros com os aposentados em boa hora. “Eu fico até me perguntando: qual o número de jornalistas que estão para se aposentar e qual o universo dos já aposentados. Sim, porque daqui a pouco seremos um sindicato em que a maioria estará aposentada. Não pude vir no primeiro, mas não falto mais”, disse, destacando que “a questão sobre deveres e direitos é fundamental. Se você é idoso as pessoas falam faça isso, faça aquilo, mas ninguém fala sobre os seus direitos. Nem jornalista tem ideia da quantidade de coisa a que a gente tem direito. Uma aula sobre direito e cidadania”.
