Sindicato dos Jornalistas

quarta-feira, maio 28, 2025

CINCO ANOS SEM O WALDIR

Por Rogério Marques –

Há exatamente cinco anos, no dia 23 de maio de 2020, os jornalistas do município do Rio de Janeiro perdiam um grande parceiro, vitimado pela Covid-19. Waldir Alves de Carvalho, mensageiro do nosso Sindicato, deixou um vazio enorme.

Botafoguense, Waldir tinha 62 anos de idade e 40 de sindicato. Era muito querido pelos colegas e bastante conhecido nas redações, que visitava com frequência para levar boletins e jornais com informações de interesse dos jornalistas, principalmente em época de campanhas salariais.

Waldir foi um lutador a vida inteira. Passou a infância na favela do Morro do Pasmado, em cima do Túnel Novo, que liga Botafogo a Copacabana. Com a extinção de várias favelas da Zona Sul do Rio, nos anos 60 e 70, entre elas a do Pasmado, sua família foi transferida para o conjunto habitacional recém-inaugurado da Vila Kennedy, na Zona Oeste.

Ainda jovem, conseguiu emprego no Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio. A partir da década de 90, com o crescimento da violência urbana na cidade, os moradores da Vila Kennedy foram duramente atingidos por esse problema, como acontece até hoje.

Algumas vezes Waldir chegava ao Sindicato depois de passar noites de tensão, com tiroteios, preocupado com sua família. Mesmo assim, não perdia o entusiasmo pelo trabalho que desempenhava, nem a risada solta. Talvez sua forte religiosidade o ajudasse a enfrentar as dificuldades da vida. Chegava sempre ao trabalho e às redações demonstrando alto astral, levando jornais e boletins do Sindicato.

Em fevereiro de 2021, Waldir foi homenageado no projeto Bosques da Memória, em Silva Jardim, interior do Rio de Janeiro. No local, árvores foram plantadas para lembrar os jornalistas que morreram na função de informar a população sobre a pandemia, ou mesmo fora do trabalho. O projeto foi realizado em várias cidades brasileiras para lembrar as vítimas da Covid-19. No Rio, uma das responsáveis pelos Bosques da Memória foi a repórter Cristina Serra.

Na foto, Beth Costa, ​que presidiu o sindicato, planta uma muda em homenagem ao nosso colega​. Beth e Waldir conviveram ​por muito tempo nas atividades do ​sindicato. A árvore plantada em homenagem ao Waldir é um guanandi, também conhecida como jacareúba, espécie encontrada na Mata Atlântica e no Cerrado.

Apesar dos problemas que enfrentou a vida inteira, Waldir foi um vitorioso. Deixou uma família bonita, com filhas e netos. Até hoje sua ausência é sentida na sede do Sindicato dos Jornalistas.

Waldir Alves de Carvalho (Foto: Álbum de família)
Beth Costa: (Foto: Cristina Serra)

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