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domingo, novembro 24, 2024
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Drs. bilionários: a fortuna na área da comunicação

Engana-se quem pensa que só de petróleo e agências bancárias vivem os bilionários brasileiros. O dinheiro transborda também dos bolsos de empresários das comunicações, mais especificamente da área de imprensa. Na lista da revista Forbes Brasil, publicada em agosto, entre os 15 mais afortunados do País, dois são donos de veículos de comunicação.
Roberto Irineu Marinho, filho de Roberto Marinho, e sua família estão na 6ª posição do ranking. Roberto Civita, do Grupo Abril, ocupa o 14ª lugar. A lista seleta inclui Eike Batista e Abílio Diniz. Os Marinho somam R$ 12,86 bilhões em riquezas, e os Civita R$ 5,48 bilhões. É muita grana conquistada ao custo do aviltamento dos salários de jornalistas e, muitas vezes, de pesadas jornadas de trabalho em condições precárias.
“É um setor conservador: enquanto está na ponta mundial de tecnologia, como é o caso da Globo, por exemplo, beira os primeiros anos do capitalismo com exploração direta de trabalhadores e baixos salários”, destaca o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder. Indiretamente, o próprio Ministério Público do Trabalho dá razão a Schröder.
“Estas famílias (Marinho e Civita) estão na ponta no quesito acumulação de capital, enquanto que seus trabalhadores têm condições de trabalho ruins”, completa o presidente da Fenaj.
A fortuna de famílias que possuem conglomerados de veículos de comunicação emergiu de vez após a democratização do Brasil – quando o poder político se encontrou com o da radiodifusão. Como conseqüência, o País foi berço de uma concentração inédita de poder político e econômico na América Latina – tanto pela capacidade destes empresários para gerir seus negócios como pela política que possibilitou o acúmulo de capital.
“O monopólio da comunicação é também uma concentração do poder de informação e do acesso privilegiado a investimentos e decisões econômicas”, destaca a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti.
Nesse cenário de redemocratização nos anos 1980, além de Civita e Marinho, nomes como Silvio Santos, mentor financeiro da família Abravanel, e Adolpho Bloch, fundador da TV Manchete e da Bloch Editores, tiveram espaço para prosperar.
No caso de Bloch, até hoje parte de sua fortuna é discutida na Justiça entre herdeiros e a massa falida, composta por funcionários – como jornalistas e gráficos – que ficaram sem nada receber após o fim de Manchete e Bloch Editores. “O Adolpho Bloch não tinha nada no nome dele. O apartamento na Avenida Atlântica estava em nome de sua ex-mulher e os carros em nome da Bloch Editores”, destaca José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-Funcionários da Bloch Editores.
Internet
Hoje, mais uma vez, o momento econômico acaba fortalecendo as fortunas destas famílias que detêm conglomerados de comunicação. A internet, por exemplo, aumentou o poderio destes grupos. E, conforme vem sendo anunciado em doses homeopáticas pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), a cobrança pelo conteúdo online é algo consolidado – mais uma fonte de renda.
“As novas fortunas estão na área de comunicação. Então, este privilégio antigo (dos donos de veículos) foi beneficiado ainda mais pelo cenário atual”, expõe o presidente da Fenaj.
Neste mês de agosto, durante o 9º Congresso Brasileiro de Jornais, organizado pela ANJ, publishers e outros executivos de veículos impressos buscaram sacramentar, com um discurso sobre financiar a qualidade, a tendência de cobrança por leituras de matéria em portais, prática já adotada pela Folha de S. Paulo. Percebe-se claramente que este dinheiro vai direto para o bolso dos empresários e não para seus funcionários, na forma de uma justa remuneração.

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