Os patrões não vão falar sozinhos. Enquanto donos de veículos de comunicação das Américas realizam a 68ª assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entre os dias 12 e 16 de outubro em São Paulo, jornalistas, movimentos sociais e a mídia alternativa se reúnem para fazer contraponto à voz e aos interesses empresariais.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) organiza ato público, no dia 15 de outubro, pela liberdade de expressão a partir das 10h30, no bairro Jardim Paulista (no encontro da rua Haddock Lobo com Alameda Santos).
No mesmo dia, na parte da tarde, acontece uma contraconferência online com o tema A liberdade de expressão na América Latina: quais são os obstáculos a serem superados e de que lado está a SIP? (acompanhe aqui). Esta contraconferência vai contar com participação de ativistas e especialistas brasileiros e latinoamericanos em comunicação, como o escritor Fernando Morais.
“A assembleia da SIP deverá defender a absoluta desregulamentação das comunicações, por entender que qualquer tipo de atribuição de serviço público aos veículos de comunicação é um ataque à liberdade de expressão”, afirma o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder.
A Sociedade Interamericana de Imprensa, como lembra o Blog do Miro, foi fundada em 1943 durante conferência em Cuba, na cidade de Havana. À época, o país caribenho estava sob a batuta do ditador Fulgencio Batista. A entidade de empresários, que tem sede em Miami, reúne os barões da mídia das três Américas.
Brasileiros estão à direita
“Há uma diferença fundamental em relação à compreensão da SIP sobre liberdade de expressão”, destaca o presidente da Fenaj. Diferentemente do que pensa a entidade patronal, “a liberdade de expressão não é propriedade privada”, completa Schröder. Para ele, os representantes da SIP no Brasil chegam a estar “à direita” de seus colegas de outros países das Américas.
O encontro da entidade que representa os grandes donos de veículos de comunicação das Américas vai contar com 12 seminários e painéis, segundo informe da própria SIP, sobre “fortalecimento da liberdade de imprensa, crescimento e rentabilidade da indústria de jornais em todas suas plataformas de conteúdo”.
Além disso, os fóruns abordarão a “otimização dos fluxos de trabalho nas redações de jornais, a cobrança de conteúdo online e a formação do jornalista no cenário multimídia”. Em outras palavras, como vem sendo anunciado em jornais, os empresários querem colocar os profissionais de imprensa para produzir materiais para diferentes suportes, com o mesmo salário, e cobrar do leitor por este serviço extra.