Com a batida alegação de corte de custos – que tem como fundo a administração em busca de lucros vultosos para os donos e acionistas de veículos de comunicação – o jornal Valor Econômico dispensou cerca de 50 profissionais nesta quinta-feira (23 de maio). A maioria das demissões atingiu a sede em São Paulo. No Rio de Janeiro, de acordo com informações de profissionais, quatro jornalistas foram cortados.
A empresa agiu com o mínimo de transparência possível ao efetuar essas demissões. Apenas nesta sexta-feira representantes do Valor aceitaram conversar com o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Além disso, o Departamento de RH, que fica na capital paulista, se negou a fornecer informações sobre as dispensas referentes à sucursal carioca ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio – mesmo após várias tentativas por telefone.
Ao responder a email do Sindicato do Rio, o Valor se limitou apenas a informar, de forma enigmática, que “não há procedimentos extraordinários, como vem sendo inadvertidamente noticiado por outras mídias”. A empresa chega ao absurdo de classificar as dispensas como “turn over normal”. E, apesar do grande corte de trabalhadores (28 só na redação em São Paulo), afirma que “não há qualquer programação de demissão em massa”.
Na reunião de sexta-feira (24/5) com o Sindicato de São Paulo a empresa apresentou proposta de estender por seis meses o plano de saúde dos profissionais demitidos. Os representantes dos trabalhadores pediram prazo maior. O jornal vai responder sobre a contraproposta na semana seguinte.
O Valor Econômico é um periódico que pertence às Organizações Globo e à Folha de S. Paulo e também surfou na onda bilionária dos jornais impressos brasileiros no ano passado, apesar dos registros de queda na circulação dos grandes periódicos nacionais. O setor faturou, em 2012, mais de R$ 3 bilhões em publicidade, apontam dados do Projeto Inter-Meios.