O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro volta a repudiar a ação truculenta da Polícia Militar durante manifestações no Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira, um policial jogou spray de pimenta no rosto de advogados, jornalistas que estavam trabalhando, manifestantes e pessoas que passavam pela Rua do Catete. Em seguida, PMs dispararam balas de borracha e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra as pessoas, sem nenhuma razão que justificasse a violência. Uma mulher teve que ser levada a um hospital.
Mais de uma vez, o Sindicato tem protestado contra a ação violenta de policiais que reprimem as manifestações populares no Rio. O uso do spray de pimenta tem sido uma constante, inclusive contra pessoas que estão apenas passando, sem participar das manifestações, e em momentos em que não há nenhuma ameaça aos policiais. As imagens da ação da PM na segunda-feira deixam claro que o policial do Batalhão de Choque, que não tinha o nome no uniforme, agiu de forma truculenta e disparou o spray diretamente nos rostos das pessoas e nas lentes de câmeras e máquinas fotográficas.
É inadmissível que uma polícia paga para defender a população faça exatamente o contrário. O Sindicato dos Jornalistas se solidariza aos profissionais atacados durante o exercício do seu trabalho e, mais uma vez, repudia tanto a violência da PM como a omissão do governo do estado, que deveria reprimir com rigor esse tipo de atitude.
Diante do quadro que se agrava no Rio de Janeiro, em que a liberdade de informar é ameaçada, seja por grupos que agem como milícias fascistas e atacam equipes de reportagem seja por policiais truculentos e despreparados, a direção do Sindicato exige do secretário de Segurança do estado, delegado José Mariano Beltrame, do governador Sérgio Cabral, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, medidas imediatas para garantir a segurança dos jornalistas e o pleno exercício do direito de informar, valor absoluto em qualquer sociedade democrática, e a punição dos que atentam contra esse direito, sejam os grupos organizados e mascarados, sejam as forças de repressão do Estado.
Além disso, o Sindicato vai denunciar aos correspondentes estrangeiros e à Anistia Internacional os ataques à liberdade de imprensa, ao direito de informar e, principalmente, ao direito da população de ser corretamente informada. Essas ações têm se tornado rotina durante as manifestações de rua no Rio de Janeiro. Não podemos tolerar que, quase 30 anos depois de superarmos o período hediondo da ditadura militar, a liberdade de imprensa volte a ser alvo de ataques. E não podemos tolerar também que no Estado Democrático de Direito as forças do Estado não sejam capazes de garantir o trabalho de jornalistas e, pior ainda, atentem contra a liberdade de imprensa.