Cerca de 100 pessoas estiveram presentes ao ato em homenagem à liberdade de imprensa e informação, na ABI, com entrega de medalhas a personalidades internacionais que divulgaram espionagens por parte dos Estados Unidos e revelações sobre outros países que comprometem a liberdade de informações. As medalhas serão agora enviadas aos consulados dos países em que estes defensores da informação estão residindo. São eles: Julian Assange, Edward Snowden, Glenn Greenwald, Bradley Manning, Aaron Swartz e Mordechai Vanunu.
“Esses jornalistas e fontes militares e civis que agora homenageamos, cada qual ao seu modo, arriscaram as suas vidas ao trazer segredos de Estado à tona com o fim de defender os direitos humanos no mundo. Quebraram paradigmas ao desconstruir versões oficiais da história recente da humanidade. Mostraram que muitos crimes de Estado têm sido cometidos em nome de falsas promessas de liberdade e de democracia. Que a contribuição dessas pessoas não passe em vão por nossas vidas. E que inspirem a carreira de muitos jornalistas e a atitude de muitas fontes”, disse a presidente do nosso Sindicato, Paula Máiran.
De acordo com presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, Mário Augusto Jakobskind, a homenagem foi uma forma de reconhecer os serviços prestados à humanidade, ao direito de cidadania e ao direito à informação.O ato foi organizado pela ABI, Sindicato dos Jornalistas do Município e o do Estado do Rio de Janeiro, Sindipetro-RJ, MST, Grupo Tortura Nunca, e o Instituto Mais Democracia.
Edward Joseph Snowden
Ex-analista de inteligência dos Estados Unidos tornou públicos detalhes de várias programas altamente confidenciais de vigilância eletrônica dos governos de Estados Unidos e do Reino Unido. Ele participava como colaborador terceirizado da Agência de Segurança Nacional (NSA) e foi também agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). Ao prestar as relevantes informações de utilidade para o mundo, Snowden revelou como a inteligência norte-americana espiona países e personalidades. Com isso os brasileiros ficaram sabendo que o país é o maior vigiado pela NSA depois dos Estados Unidos. Até a Presidenta Dilma Roussseff e seus auxiliares mais próximos foram monitorados pelos espiões norte-americanos, uma afronta á soberania nacional que merece o repúdio de todos os brasileiros.
Glenn Greenwald
Advogado constitucionalista, colunista influente nos Estados Unidos, blogueiro, comentarista político e escritor. Divulgou as informações de utilidade pública elaboradas por Snowden no jornal britânico The Guardian, revelações estas também editadas no jornal O Globo. Grenwlad é autor de dois best-sellers, How Would a Patriot Act, em 2006, e A Tragic Legacy, em 2007, bem como Great American Hypocrites, em 2008. Ele vive atualmente no Rio de Janeiro com o companheiro brasileiro David Miranda, que foi arbitrariamente detido no aeroporto de Londres e respondeu a um interrogatório tendo seus pertences apreendidos e não devolvidos.
Julian Paul Assange
É responsável pelo site Wikileaks. Graças a este espaço midiático na internet, o mundo foi informado sobre uma série de denúncias e vazamento de informações. Estudante de matemática e física, Assange foi também programador e hacker, antes de se tornar editor chefe do WikiLeaks, fundado em 2006. Esteve envolvido em publicações de documentos sobre execuções extrajudiciais no Quênia, tendo por isso recebido o prêmio da Anistia Internacional Media Award no ano de 2009. Além de informar ao mundo sobre documentos relacionados com resíduos tóxicos na África, revelou o tratamento desumano que as autoridades estadunidenses dão aos prisioneiros de Guantánamo. Em 2010, o WikiLeaks publicou detalhes pormenorizados sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e Iraque. O mundo ficou chocado com as imagens de bombardeios através de helicópteros de civis.A partir de 28 de novembro de 2010, o Wikileaks, jornais europeus e norte-americanos começaram a publicar os telegramas secretos da diplomacia dos Estados Unidos. Os brasileiros, por exemplo, foram informados sobre atividades secretas dos Estados Unidos no país e até mesmo a colaboração de maus brasileiros. O importante trabalho de Assange no site WikLeaks foi reconhecido em várias partes do mundo tendo sido considerado pelo jornal Le Monde em 2008 como “homem do ano”. E em 2011 foi incluído na lista da revista Time como um dos 100 mais influentes do planeta.
Bradley Edward Manning, atualmente Chelsea Elizabeth Manning
Soldado do Exército estadunidense, Manning foi preso, em maio de 2010, e processado por acesso e divulgação de informações sigilosas. Foi condenado a 35 anos de prisão pela Justiça norte-americana sob a acusação de ter vazado 700 mil documentos secretos para o site WikiLeaks. O soldado servia no contingente militar norte-americano no Iraque. Os militares norte-americanos mantiveram Manning preso na base de Quântico, no Estado da Virgínia, em condições ilegais e desumanas. Ele foi impedido de falar com um juiz e também de impetrar habeas corpus. Logo depois de ter sido divulgada a sentença, Bradley Manning pediu que fosse considerado mulher e submetido a tratamento hormonal. Não quer mais ser chamado de Bradley Manning, mas sim Chelsea Elizabeth Manning.
Aaron Hillel Swartz
Escritor, organizador político e ativista da internet. Seu currículo é grandioso, destacando-se, entre outras coisas, como um dos fundadores da organização ativista online Demand Progress e também membro do Centro Experimental de Ética da Universidade de Harvard. Ajudou a criar o Creative Commons, que possibilitou acesso a milhões de arquivos públicos do judiciário norte-americano, além de textos acadêmicos de bancos de dados. Em 6 de janeiro de 2011, Swartz foi preso pelas autoridades federais, por compartilhar artigos em domínio público distribuídos pagos pela revista científica JSTOR. Ele foi acusado pelo governo dos Estados Unidos de crime de invasão de computadores. Em 11 de janeiro de 2013, portanto dois anos depois de ser acusado pelo governo de seu país, Aaron Swartz suicidou-se sendo encontrado enforcado.
Mordechai Vanunu
Também conhecido pelo nome de batismo de John Crossman, nasceu em Marraquech, no Marrocos. Depois de emigrar para Israel, tornou-se técnico nuclear. Revelou a informação sobre o programa nuclear do Estado de Israel, fato divulgado pela imprensa britânica, em 1986. Vanunu foi então sequestrado em Londres pelo Mossad, o serviço secreto israelense, sendo julgado e condenado por traição. Ficou então preso durante 18 anos, sendo mais de 11 em cela solitária.
Mesmo libertado em 2004, Vanunu continua sujeito a uma série de restrições de comunicação e movimento. Desde que deixou a prisão voltou a ser preso por diversas vezes, acusado de não respeitar tais restrições.
Em março de 2005 foi citado por 21 acusações de “contravenção à ordem legal”, sujeito a pena máxima de dois anos de prisão por acusação, e desde então espera pelo julgamento em liberdade. Vanunu é considerado por defensores dos direitos humanos como um prisioneiro de opinião.
Foto: Samuel Tosta