A repressão aos jornalistas dentro e fora das redações durante a ditadura civil-militar foi exemplificada na primeira mesa de debates do Congresso, que reuniu os jornalistas Álvaro Caldas, da Comissão da Verdade do Estado do Rio, João Costa, da ONG Tortura Nunca Mais, e Randolpho de Souza, vice-presidente do Sindicato. Os três lembraram dos tempos em que censores decidiam sobre a publicação de reportagens e colegas com ativa militância política eram perseguidos, presos e até mortos.
‘Era o censor quem dava o lide da matéria’, afirmou Randolpho, em referência ao endurecimento do regime após a decretação do AI-5. Como prova da perseguição sofrida pelos jornalistas, o jornalista contou que, ao aceitar um emprego de assessor da Bolsa de Valores do Rio, lhe pediram que assinasse um atestado de identificação política. Ele se recusou.
O encolhimento e a precarização do mercado de trabalho em jornais no Rio é outra herança dos anos de chumbo, afirma Álvaro Caldas: ‘foi uma trágica decorrência da ditadura o sufocamento dos jornais do Rio, tanto os grandes como os da chamada imprensa alternativa’. A internet, disse Caldas, se tornou hoje a possibilidade para a superação desse cenário.
Para João Costa, o tratamento do Estado às recentes manifestações populares por mais direitos também reflete esse ‘entulho autoritário’. Ele citou as remoções feitas com dura repressão policial por conta de obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas como uma repetição da política ‘que resolvia os problemas sociais como casos de polícia’.