Paula Máiran
A prisão e tortura por PMs da jornalista Vera Araújo não é a primeira e, infelizmente, é provável que não venha a ser a última. Falo em tortura porque circularam com ela por vários bairros dentro da viatura policial, sem nenhuma razão, antes de conduzi-la, algemada e ferida, à Cidade da Polícia. Em post anterior, eu disse que a punição do PM que prendeu e agrediu era medida paliativa e é mesmo. Mas, píor do que isso, é prova concreta e flagrante da atitude hipócrita dos nossos governantes e autoridades da segurança pública.
O PM cometeu um desvio de conduta que não foi pontual, mas, sim, a regra no tratamento dispensado a jornalistas que atuam na cobertura de operações policiais e manifestações. O PM, como a tropa em geral, foi treinado pra isso, condicionado a agir da forma como agiu. O Estado precisar ser responsabilizado. O nosso sindicato vai tomar providências jurídicas e políticas em relação a essa inaceitável realidade de censura e cerceamento aos jornalistas e à liberdade de imprensa. Trata-se de atentado à democracia.
Diante da gravidade da conjuntura no Rio de Janeiro, perante a estatística de mais de 70 jornalistas agredidos desde maio do ano passado no Rio, sendo 80% dos casos de autoria de PMs, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro decidiu contratar um advogado criminal para nos prestar assistência jurídica. A Copa mal começou e já temos o registro desse primeiro grave caso. Estudamos todas as medidas possíveis para para defender os interesses individuais e coletivos da nossa categoria, como é de nossa atribuição constitucional. Lutemos!