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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Jornal 'O Globo' terá que se explicar à Justiça sobre conduta antissindical

‘O Globo’ terá que se explicar à Justiça trabalhista sobre acusação de conduta antissindical. A 1ª Vara do Trabalho realiza nesta quinta-feira (07/08) audiência sobre ação movida em março pelo Sindicato contra o jornal por reportagens e editoriais publicados em fevereiro deste ano e que tinham o claro objetivo de criminalizar a entidade de defesa dos jornalistas cariocas. As matérias vieram em resposta à atuação do Sindicato sobre empresas e Estado para garantir a segurança dos profissionais logo após a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade, que foi atingido por um rojão disparado por manifestantes ao registrar um protesto na Central do Brasil. Se for condenado, ‘O Globo’ terá que pagar R$ 100 mil ao Sindicato e publicar um direito de reposta com o mesmo número de linhas e colunas das acusações.
Reportagens do ‘Globo’ à época diziam que o sindicato havia se tornado alvo de críticas da categoria por não condenar o suficiente os culpados pela morte do jornalista e atuar mais na cobrança por segurança e paz. Além disso, o jornal levantou suspeitas sobre a conduta da presidente Paula Máiran, tentando associá-la a manifestantes que acenderam o rojão que matou Santiago. Um editorial chegou ao ponto de, sem apresentar provas, mencionar ‘sindicatos de jornalistas aparelhados e desconectados da profissão’. As matérias sugeriam ainda a destituição da atual diretoria e a criação de um novo sindicato – que não se concretizaram.
De acordo com Cláudia Duranti, advogada do Sindicato e responsável pela ação, as matérias publicadas ferem não só a Constituição, que determina a primazia da liberdade sindical, como também a convenção 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou por uma organização de empregadores.
“Há toda uma ação discriminatória, intimidatória, difamatória e com a finalidade de obstaculizar a ação sindical, de denegrir a imagem do Sindicato frente aos jornalistas, principalmente no momento em que a campanha salarial se instaurava”, afirma Claudia Duranti.
Condenada por ‘O Globo’, a atuação firme do Sindicato por medidas de segurança para os jornalistas foi uma das poucas ações de entidades representativas da categoria, em nível nacional, a atingir um objetivo concreto. Investigação do Ministério Público do Trabalho, a partir de denúncia do Sindicato, resultou em uma lista com 16 recomendações de segurança a serem seguidas pelas empresas jornalísticas, entre elas o respeito à cláusula de consciência – que garante ao profissional o direito de recusar tarefas em desacordo com o Código de Ética sem sofrer represálias-, a adoção de equipamentos de proteção individual adequados às realidades da cobertura jornalística na cidade e a realização de cursos de capacitação. As 12 recomendações foram enviadas a todas as empresas jornalísticas do Rio em junho.

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