Foto: Lucas Tavares
Nesta sexta-feira, 7 de abril, em que também se comemora o Dia do Jornalista, a Associação Brasileira de Imprensa chega aos seus 115 anos, com uma história de feitos e glórias e em meio a desafios como o de superar o apagamento do seu fundador, o jornalista negro Gustavo de Lacerda.
Criada como Associação de Imprensa em 1908, somente em 1913 nossa entidade recebeu a denominação de Associação Brasileira de Imprensa, “com o objetivo de assegurar à classe jornalística os direitos assistenciais e tornar-se um centro poderoso de ação”. Ao longo de sua trajetória, a ABI se transformou num bastião em defesa da Democracia, da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos.
O sonho de seu combativo fundador se realizou. Mas, a exemplo do ocorrido com o escritor Machado de Assis, o esquecimento da história de Gustavo de Lacerda começou pelo branqueamento de sua fotografia. E ainda hoje continua muito elevado o número de profissionais da imprensa que desconhece quem fundou a ABI.
Com o objetivo de superar esse apagamento, a Diretoria de Igualdade Étnico-Racial planeja uma série de atividades necessárias para mantê-lo vivo em nossa memória, envolvendo principalmente jornalistas, professores e estudantes de Comunicação.
Nascido em 1854, em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, em Santa Catarina, Lacerda “não foi um jornalista de pouca expressão”. Ele se destacou “na construção de uma sociedade menos desigual” atuando como poeta, cronista, teatrólogo, educador e militar.
O historiador Fábio Garcia, que lançou no ano passado o livro “Gustavo de Lacerda: vida e obra de um jornalista negro catarinense”, informa que além de fundar jornais, Lacerda trabalhou e colaborou em veículos em Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro, entre eles O Progresso, O Meio Dia, A República, Revista Brasileira, Correio da Tarde, O Paiz e A Imprensa.
Lacerda também teve participação na política ao fundar o Centro Operário Radical, onde difundiu temas como o problema da terra e a reforma agrária, o combate aos monopólios, a limitação da jornada de trabalho, as condições de higiene e prevenção de acidentes, entre outros.
— Quando as condições de existência do operário na sociedade forem compatíveis com a equidade e a justiça, o bem-estar será comum a todos os homens — afirmou Gustavo de Lacerda, em 1891.
Este sonho do fundador da ABI ainda está por se realizar.
Rio de Janeiro, 7 de abril de 2023
Marcos Gomes – Diretor de Igualdade Étnico-Racial ABI
Octávio Costa – Presidente da ABI