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domingo, maio 5, 2024
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Fotógrafos reagem a sumiço de acervo da Bloch

O clique mais famoso do repórter fotográfico Orlando Abrunhosa foi na Copa do Mundo de 1970, na estreia da seleção brasileira no torneio. Naquele jogo, contra a então Tchecoslováquia, Pelé, após marcar gol ao receber lançamento de Gérson, comemorou com o clássico soco no ar enquanto Tostão e Jairzinho corriam para abraçá-lo. Este instante, fotografado por Orlando, que trabalhava na revista Manchete, viajou o planeta e virou até selo comemorativo.
Na última sexta-feira (30/3), o repórter fotográfico estava no auditório do Sindicato dos Jornalistas com aproximadamente cem profissionais, entre jornalistas e gráficos. Todos eles, e mais 300 colegas, estão em busca de pagamentos devidos do tempo em que trabalhavam na Bloch Editores. Enquanto isso, o negativo em preto-e-branco que eternizou a comemoração do ataque da seleção de 1970 tem paradeiro desconhecido, junto com 12 milhões de peças do acervo da extinta empresa de Adolpho Bloch.
“É uma situação complicada. Não recebi nada pela fotografia”, lamenta o jornalista, que fez história na imprensa brasileira com sua Nikon F. O acervo da Bloch Editores foi arrematado por R$ 300 mil num leilão em 2010. Neste ano, a Justiça tentou notificar o comprador do material após ação do Sindicato dos Jornalistas, mas não o encontrou. Assim, oficialmente, fotografias que registraram momentos preciosos da história do Brasil e do mundo estão desaparecidas.
Alguns profissionais, inclusive, disseram que podem ir à polícia apresentar queixa-crime pelo sumiço das imagens. A revolta é grande não só pelos diretos autorais que não foram respeitados – daí o motivo da ação movida pelo Sindicato – mas também pelo desrespeito com a história da imprensa.
A massa falida de Bloch Editores ainda aguarda decisões da Justiça sobre processos relativos a pagamentos de salários, FGTS e horas extras. O promotor que acompanhava o caso, Luiz Roldão de Freitas Gomes Filho, hoje procurador da Justiça Cível, foi substituído por Carlos Cerqueira Chagas na 5ª Promotoria de Massas Falidas. A juíza responsável pela 5ª Vara Empresarial da Comarca da capital é a mesma, Maria da Penha Nobre Mauro, assim como a síndica, Luciana Trindade da Silva.
Os ex-empregados continuam confiantes. “Esperamos que o novo promotor dedique a merecida atenção aos trabalhadores”, destaca o presidente da Comissão de Ex-funcionários, José Carlos Jesus.
Nova assembleia dos ex-funcionários está marcada para 27 de abril, às 11 horas, no auditório do Sindicato dos Jornalistas.

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