Ela criou e apresentou programas musicais, culturais e educativos e com enfoque na cultura negra afro-brasileira. Também integrou o júri do Prêmio Nacional Jornalista Abdias do Nascimento, organizado pela Cojira-Rio/SJPMRJ, nas suas três edições.
Perto de completar 80 anos, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e radialista aposentada pela Rádio MEC, Helena Theodoro, sumidade em história e cultura afro-brasileiras, será homenageada pela Deputada Benedita da Silva (PT/RJ). Em audiência pública sobre os “100 anos da Rádio MEC e o papel da rádio pública na democracia”, no dia 12/04, em Brasília, será lembrada a trajetória de Helena na emissora pública. O evento tem apoio da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ).
A escritora, bacharel em Direito, mestre em Educação, doutora em Filosofia, pós-doutora em História Comparada e pesquisadora Helena Theodoro começou sua carreira como radialista na Rádio MEC, ainda adolescente, aos 15 anos. Ela era pianista de formação.
Por sua versatilidade, Helena foi redatora e produtora, se tornando a primeira coordenadora do projeto Minerva, de educação à distância. Fez também infantis (Cantinho Musical), musicais (Faixa Autoral) e de entrevistas. Entre os programas que criou estão o “Samba na Palma da Mão” e “Origens”, dedicados à cultura, história de África e do Brasil negro.
“Comecei a fazer programas de música africana e houve algo interessante, nos anos 1980, que foi a criação do programa Origens, junto com a Sociedade de Cultura Negra no Brasil, de Salvador, com o Mestre Didi”, disse à Rádio MEC. “Eu colocava no ar contos do Mestre Didi ‘radiofonizados’ no ar e fazia interpretação da cultura negra, falava dos quilombos, do nosso tipo de resistência e entrevistava personalidades negras”. O programa de Helena tinha vinheta concebida e cantada pelo próprio Mestre Didi.
Na emissora, a intelectual também entrevistou Lélia González, Beatriz Nascimento, Carlos Alberto Medeiros, Joel Rufino dos Santos, Muniz Sodré e Martinho da Vila, por exemplo.
“A Rádio MEC vai ser o ponto de produção e reprodução da cultura negra”, afirmou a professora. “Enquanto as rádios comerciais só tocavam música estrangeira, a MEC, a Nacional e a Roquette tinham como meta a preservação dos valores nacionais’, completou.
Na audiência, também será solicitada ao governo federal a migração da Rádio MEC para a frequência FM, além de espaço no dial FM de cidades do Sul e Norte fluminenses, como Macaé. A Rádio MEC opera no 800 AM, com baixíssima potência, por decisão da EBC, no governo de Jair Bolsonaro, na web e no app Rádios EBC. A MEC FM está na 99,3 FM.
O sindicato estará no evento e defende a volta do Conselho Curador à EBC, concursos e mais investimentos na programação independente e coprodução da MEC.
Helena Theodoro também integrou a Comissão Julgadora do Prêmio Nacional Jornalista Abdias do Nascimento, organizado pela Cojira-Rio/SJPMRJ, em 2011, 2012 e 2013.