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sexta-feira, maio 17, 2024
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Revista de História faz de jornalista bode expiatório

O jornalista autor da resenha O Jornalismo Não Morreu, sobre o livro A Privataria Tucana, foi demitido da redação da Revista de História da Biblioteca Nacional no dia 29 de fevereiro, conforme ele mesmo diz, sob “injúria, massacre e censura”.
O texto de Celso Barbosa, publicado no dia 24 de janeiro, irritou políticos do PSDB e repercutiu na imprensa nacional. Em seguida, no dia 1º de fevereiro, a Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), que edita a revista tanto na versão imprensa quanto na online, divulgou nota afirmando que a resenha fora publicada sem avaliação dos editores.
No entanto, segundo profissionais que trabalhavam na redação da revista à época da publicação do texto, o artigo de Celso Barbosa, que era editor de texto no veículo, foi revisado por pelo menos duas pessoas antes de sua publicação: Vivi Fernandes de Lima, editora assistente da revista impressa, e Felipe Sáles, então editor do site.
Ambos confirmaram ao Sindicato que leram e revisaram a resenha, que ficou por nove dias no site. “O texto foi lido e publicado como de praxe, como é feito com qualquer outro texto”, lembra Sáles. A partir da nota da Sabin, o jornalista autor da resenha, e funcionário da Revista de História desde setembro de 2011, fica como bode expiatório da direção do veículo diante da repercussão na mídia.
A nota da Sabin enviada à imprensa no dia 1º de fevereiro – mesma data em que a resenha foi tirada do ar – afirma que “todos os textos do site e da revista são avaliados internamente pelos editores, o que não ocorreu com o acima mencionado (O Jornalismo Não Morreu)”. Além disso, diz que “o artigo é um posicionamento pessoal do repórter e contraria a linha editorial da Revista”.
“Eu jamais faria isso (publicar o texto por conta própria). E nem poderia, pois teria que saber a senha do site, por exemplo”, lembra o jornalista. “Fui chamado na imprensa até de servidor público, quando nem mesmo tinha carteira assinada”, conta o jornalista. A indignação de políticos do PSDB exposta pela imprensa remete ao fato de que a revista recebe patrocínio da Petrobras, uma estatal.
No dia 2 de fevereiro, o jornal O Globo publicou matéria à página 11 sobre o assunto, com destaque para a nota da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional. O nome de Celso Barbosa é citado na matéria, que é assinada por três repórteres. “Ninguém do jornal me procurou para ouvir minha versão”, reclama. Cinco dias depois de veiculada a reportagem, o jornalista conseguiu publicar um texto na seção Dos Leitores, à página 8 de O Globo.
O Sindicato dos Jornalistas defende Celso Barbosa em sua luta política na busca de que seja admitida e publicada a verdade sobre o caso. Além disso, o Departamento Jurídico do Sindicato vai auxiliar o profissional na Justiça com sua reclamação trabalhista – já que a Sabin, mesmo com patrocínio da maior empresa da América Latina em valor de mercado, “contrata jornalistas sem carteira assinada e que trabalham nove horas por dia”.
Desde a quinta-feira (22/3), o Sindicato tenta contato com a gerência da Sabin. Até o momento não foi dada qualquer resposta.
Aqui, íntegra do artigo O Jornalismo Não Morreu.
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