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quarta-feira, maio 1, 2024
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Novos passos em direção à segurança dos jornalistas

Foram duas semanas longas de estudo para onze jornalistas. Mas, ao fim, no último sábado (10/11), formou-se a primeira turma brasileira de treinadores de segurança para profissionais da imprensa em situações de risco. O curso, ministrado pelo International News Safety Institute (Insi) e financiado pela Embaixada Britânica, teve apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Dos onze profissionais que passaram pelo curso, dez trabalham em alguns dos principais veículos de comunicação do Rio. A ideia agora é que os jornalistas multipliquem os ensinamentos dentro de suas redações, repassando noções sobre pontos como colete à prova de balas, munição e posicionamentos mais seguros em cobertura de conflitos e em favelas.
“Costumo dizer que o jornalista deve sempre cobrir a história, e não se tornar parte da história”, destaca Ryan Swindale, ex-membro do exército britânico e instrutor do Insi, referindo-se ao aumento do número de mortes de profissionais da imprensa no Brasil e no mundo.
Para Paulo Garritano, repórter da TV Brasil e aluno no curso de treinadores, as aulas promoveram uma reflexão sobre segurança. “A gente sempre acha que não vai acontecer com a nossa equipe, mas estamos sempre próximos do risco”, diz o jornalista. “Percebemos que no dia-a-dia erra-se muito, deixa-se a segurança de lado”, completa ele.
Além de alertar profissionais para o tema, o curso reforçou as reivindicações do Sindicato quanto a cláusulas de proteção. A entidade busca, em negociações com os empresários, incluir no acordo coletivo a obrigatoriedade de fornecimento de coletes à prova de balas, que protejam contra tiros de fuzil, e de carros blindados nas coberturas em situações de risco. Porém, os patrões não aceitam essas reivindicações.
Nas aulas, que aconteceram no auditório do Sindicato dos Jornalistas e na Vila Militar, em Deodoro, os instrutores afirmaram que muitos dos coletes de empresas do Rio não protegem contra tiros de fuzil – arma comumente usada por policiais e traficantes na cidade.
Em novembro de 2011, o repórter cinematográfico Gelson Domingos, da TV Bandeirantes, morreu ao ser atingido por um tiro de fuzil, disparado por um traficante, durante operação policial na favela de Antares, Zona Oeste do Rio. O colete usado pelo jornalista mal protegia de um tiro de revólver e foi atravessado pelo projétil de fuzil.
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