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domingo, maio 5, 2024
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José Correia morre e deixa imagens que ficarão para sempre

As imagens feitas ao longo de sua carreira foram tantas que dariam muitos longas-metragens, e dos bons. O repórter cinematográfico José Augusto Correia dos Santos, que faleceu aos 63 anos nesta terça-feira 18/04, começou muito jovem na profissão. Viajou pelo Brasil com o Programa Amaral Neto, mostrando imagens de um Brasil pouco conhecido.
Há mais de 30 anos José Augusto trabalhava na TV Globo, onde fez de tudo que é possível com uma câmera no ombro: participou de coberturas importantes, ajudou a implantar programas que mostram os problemas vividos no dia a dia do carioca, foi supervisor dos cinegrafistas e coordenou cursos nas afiliadas da Globo, levando sua técnica e sua experiência para os colegas mais jovens, em várias cidades.
Ultimamente José Augusto trabalhava na Central Globo de Produções (CGP), principalmente no Domingão do Faustão. Há algum tempo ele lutava contra um câncer. José Augusto era casado e tinha dois filhos, um deles o cinegrafista Jorge Bonacchi, também funcionário da TV Globo.
Entre seus colegas e seus muitos amigos, fica a saudade de um grande profissional e excelente companheiro.

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O demônio angelical

Cláudio Nogueira – jornalista
Diretor Geral do Grupo Bandeirantes na Bahia

Quando ele chegou à Globo, em 81 eu era chefe de redação da Editoria Rio e um ou dois anos depois seria Editor Regional, até 1987.
José Augusto, ou simplesmente Zé, ou Diabo, como nos tratávamos na intimidade, fez de saída uma dupla infernal com a repórter Leila Cordeiro, mostrando os problemas de toda ordem dos bairros cariocas, no recém-criado Globo Cidade.
Mais tarde voltou-se para as matérias do Jornal Nacional, do Globo Repórter, do Fantástico, trabalhando com os mais famosos repórteres da emissora, Domingos Meirelles, Caco Barcelos, André Luiz Azevedo, Glória Maria, Renato Machado, Pedro Bial, entre outros.
E os repórteres iniciantes pediam pra sair com ele. Porque o Zé tinha vocação de professor, ensinava os truques diante da câmera, as melhores posições para as passagens de vídeo, até mesmo o enxugamento e a linguagem do texto.
Era preciso no foco, virtuoso na luz, inspirado no enquadramento, veloz como exige o hard-news diário.
Mas não fui apenas o chefe do Zé. Fomos os melhores amigos um do outro. Amigos carne-unha pelo Fluminense nas arquibancadas do velho Maraca, nos apartamentos de praia no mesmo prédio de Ponta Negra, em Maricá, de viagens com as famílias, de compadrio. Sim, do legítimo compadrio, pois Zé Augusto é o padrinho de minha filha Raquel, que me ligou ontem emocionada para dar a notícia de sua morte.
A mãe de minha filha e a mulher dele, Júlia eram inseparáveis. A querida Julinha, que o câncer também levou, há alguns anos.
Seu filho Jorginho lhe herdou a profissão e o talento. Orgulho do Zé. Falávamos muito sobre isso, porque também tenho uma filha que me herdou a profissão (mas, no caso, suspeito que teve de gerar seu próprio talento).
Pois é, Zé, já há muitos anos estávamos distantes, desde minha vinda pra Bahia. Mas nunca deixamos de nos falar e ocasionalmente nos ver. E nunca deixamos de nos tratar como sempre nas saudações: “Fala, diabo”! No seu caso, o demônio mais angelical que pode ter existido.
Mas, olha, escrevi estas linhas ao som das lembranças de tantas gargalhadas, tantas ruidosas brincadeiras, tanto grito de guerra: NEEENSSEEE!!
Prepara a carne pro churrasco de nosso reencontro.
Beijo.

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