Os recentes ataques a equipes de reportagem em manifestações públicas, seja com ações truculentas da polícia e de outros órgãos de segurança ou a com proibição, através da coação, de jornalistas fazerem seu trabalho são um sinal perigoso num momento em que se fala de reforma da sociedade, voz das ruas, etc. Não há democracia sem liberdade de imprensa e direito a expressar opiniões contrárias.
Os que coagem e agridem jornalistas porque trabalham para empresas cujas opiniões e posturas políticas são diversas das suas igualam-se aos policiais truculentos, aos governos autoritários e a ditadores que censuram e perseguem opositores. E são piores quando atingem empregados, cujas posições não são as mesmas do dono das empresas para as quais trabalham.
Impedir o trabalho de jornalistas é agredir não só o direito ao trabalho, mas também atacar o direito à informação, a liberdade de imprensa e a própria democracia. O uso da força para impôr a forma de pensar de uma parcela da sociedade não pode ser defendido ou aceito por quem luta por uma sociedade justa e livre.
Há muito que o Brasil carece de órgãos de regulação e de ações contra a concentração dos meios de comunicação. São questões que precisam entrar urgentemente na pauta de discussões da sociedade. Precisamos lutar pela pluralidade e pela qualidade da informação. E isso passa necessariamente pela democratização dos meios.
Nós, da Chapa 4, defendemos a revisão do modelo monopolista da mídia, o controle social sobre a informação, que é um bem de interesse público, e a ampla democratização dos meios de comunicação, inclusive com financiamento a veículos regionais e locais. E repudiamos toda e qualquer forma de violência que tente impedir o trabalho dos jornalistas.
Nelson Moreira