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domingo, maio 12, 2024
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Há 40 anos, posse da nova diretoria da ABI em SP

A ABI une cariocas e paulistas

por Wagner Kotsura

Em 8 de agosto de 1980 – há exatos 40 anos – a ABI reafirmou em São Paulo seu compromisso na luta pela completa redemocratização do Brasil. Naquele dia, com a presença de Barbosa Lima Sobrinho, tomou posse a nova diretoria da Representação paulista, sob a presidência do jornalista Ricardo Carvalho, na sequência de um grande movimento que havia tomado conta das redações alguns anos antes, e que merece ser lembrado. Fiz parte desta diretoria ao lado de Ana Maria Baccaro, DácioNitrini, Fausto Cupertino, José Eduardo de Faro Freire, Juca Kfouri, Marcelo Tulmann Neto, Selma Severo Lins e Silvia Campolim.

Em 1980, a Folha de S. Paulo avisava a posse da nova diretoria da ABI, em SP, que contou com a presença do presidente Barbosa Lima Sobrinho

Em 1975, a eleição de Audálio Dantas acabou com 10 anos de domínio pelego no Sindicato dos Jornalistas. Uma vigorosa mobilização uniu companheiros de jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão, não apenas por direitos trabalhistas, mas igualmente por avanços no campo da democracia e do respeito aos Direitos Humanos, especialmente após o assassinato de Vladimir Herzog em outubro daquele ano.

Nós, em São Paulo, sentíamos a necessidade de reforçar essa ação política. E enxergávamos um caminho indispensável na ABI, concentrada no Rio desde sua fundação, em 1908. A articulação liderada por José Eduardo Faro Freire e a experiência de Marcelo Tulman Neto tornaram possível a aprovação dos órgãos dirigentes no Rio para a criação da Representação da ABI em São Paulo. Uma bem sucedida campanha de filiação criou as condições para a instalação da sede e a eleição, em 1978, da primeira Diretoria, sob a presidência do jornalista Alípio Viana Freire, numa composição pluralista necessária ao momento histórico.

O jornalista Ricardo Carvalho, da ABI/SP (de camisa branca), acompanha o presidente Barbosa Lima Sobrinho e senhora

Tempos difíceis, com a tumultuada abertura numa ditadura militar falida,o novo sindicalismo simbolizado pela greve dos metalúrgicos do ABC, a anistia concedida sob pressão social, o fim do bipartidarismo.

Naquele 8 de agosto havia ainda muito o que fazer – e foi feito. Alguns exemplos. No fim daquele mesmo mês, a escalada do terrorismo de direita foi além das bombas em bancas de revista que vendiam publicações de oposição, e deixou a marca da morte na sede da OAB no Rio, atingindo a secretária Lyda Monteiro da Silva.

Violência sem fim. Os inimigos da democracia chegaram ao horror de colocar em prática um plano para explodir o centro de eventos no Riocentro, na noite de 30 de abril de 1981, quando se realizava um espetáculo musical pelo Dia do Trabalho, com milhares de pessoas presentes.

A voz da ABI jamais se calou.

Nós, de São Paulo, que viajamos uma noite inteira pela Via Dutra para votar na chapa do inesquecível Barbosa Lima Sobrinho em 1978, recordamos com orgulho o papel que desempenhamos para manter elevado o nome da ABI, seus princípios e ideais. Continuamos presentes, com a mesma força de 40 anos atrás.

(Wagner Kotsura, jornalista, foi diretor da ABI/SP de 1978 a 1982).


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