A campanha salarial visando à Convenção Coletiva de Trabalho 2025/2026 dos jornalistas tem no dia 21 de janeiro sua primeira rodada de negociação com a realização da reunião entre a diretoria do SJPMRJ e o sindicato patronal. Nesse sentido, é importante chegar à mesa de negociação munido de dados consistentes sobre a situação das empresas de comunicação para que se possa ter uma posição sólida diante das posições tomadas pelos representantes destas em respostas às reivindicações dos jornalistas.
Com esse objetivo, a diretoria do SJPMRJ convidou o economista e técnico do Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, no Escritório Regional do Rio de Janeiro, Fernando Benfica, para uma apresentação sobre o levantamento “Jornalistas do MRJ – Subsídios às negociações coletivas”, realizado pela instituição. A apresentação foi realizada na terça-feira, dia 14, no auditório do Sindicato, com a participação dos diretores que formam a comissão da Campanha Salarial 2025.
Em sua fala, Fernando Benfica traçou um panorama sobre a conjuntura econômica do país e do setor de comunicação destacando que “os principais dados econômicos indicam que a economia brasileira permanece na trajetória de recuperação iniciada em 2023”, pois de acordo com o levantamento do Dieese há projeção de um crescimento do PIB superior a 3% para o ano, com a taxa de desemprego segue em queda, atingindo baixa histórica. Também há continuidade no crescimento da renda e constante melhoria no desempenho das negociações coletivas. O ponto negativo fica por conta da alta taxas de juros e da desvalorização do real frente ao dólar, o que deverá impactar negativamente as empresas em 2025.
ABAIXO, RELACIONAMOS ALGUNS PONTOS DA APRESENTAÇÂO
Em relação ao setor de comunicação, o economista do Dieese destaca entre outras abordagens no estudo que:
1 – Resultados econômico-financeiros das principais empresas do setor em 2023 confirmam a tendência de recuperação registrada em 2022. Ainda assim, há diferenças notáveis no desempenho de cada empresa. Em 2024, o grupo Globo vem apresentando resultados robustos, fortalecendo sua capacidade de geração de caixa e cortando custos. Já o SBT vem enfrentando dificuldades frente ao crescimento da publicidade digital. Por fim, o Grupo Record, impulsionado pela Igreja Universal, vem ampliando seus investimentos, especialmente na TV aberta.
2 – Emprego dos profissionais do jornalismo interrompeu sua trajetória de queda, observada em anos anteriores, dando lugar a certa estabilidade.
3- Salários. No acumulado dos últimos 5 anos, há perdas salariais, embora, na data-base de fev/24, em ambos os segmentos, o Sindicato tenha conquistado ganho real frente à data-base anterior. Para fev/25, estima-se um reajuste necessário de 4,42%, com base na variação projetada para o INPC-IBGE.
Por empresa, o quadro apresenta, de forma resumida, a seguinte situação:
GLOBO – Os números de Globo e Editora Globo indicam a promoção de um ajuste patrimonial nos últimos anos, com redução do Ativo total, do Patrimônio líquido (Globo), do endividamento e da Receita. Entre 2021 e 2023, houve uma significativa melhora nos indicadores de solvência (nível de endividamento e liquidez corrente) e a obtenção de Lucro considerável (R$ 1,3 bilhão e R$838 milhões em 2022 e 2023, respectivamente, no caso da Globo). Ou seja, a situação da Globo em 2023 é de recuperação financeira, após ter enfrentado prejuízos nos anos anteriores. A emissora registrou um lucro operacional, revertendo dois anos de resultados negativos. Para alcançar esse lucro, a Globo implementou um processo de saneamento financeiro e operacional, que incluiu cortes de despesas e demissões significativas.
SBT – Os números do SBT mostram redução do Ativo e estabilização do Patrimônio Líquido combinado a uma redução do endividamento. Do ponto de vista de resultados, houve queda na Receita e no Lucro, afetando a rentabilidade nos anos de 2022 e 2023. O resultado da atividade foi negativo em 2023, mas foi mais que compensado pelo resultado com aplicações financeiras. Ou seja, a saúde financeira da empresa foi mantida.
RECORD – Por fim, o caso da Record, com desempenho bastante diverso. A empresa experimentou uma forte expansão do Ativo entre 2019 e 2023, financiada basicamente pelo aumento do endividamento. Após um 2022 com diversos indicadores negativos (Ebtida, Lucro da atividade, Lucro financeiro etc.), houve recuperação em 2023, com Lucro Líquido de R$474,3 milhões.