O sindicato precisa voltar a ser uma referência para a categoria
Estamos na reta final da campanha eleitoral que pode mudar os rumos da luta dos jornalistas no Rio de Janeiro. Na semana que vem, nos próximos dias 16, 17 e 18/7, os mais de 1.700 jornalistas filiados e em dia com a mensalidade vão poder exercer o seu direito ao voto para escolher quem vai assumir a responsabilidade de dirigir o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro pelos próximos três anos. Da última vez, cerca de 250 jornalistas foram às urnas. Embora haja quatro chapas na disputa, avaliamos que a nossa categoria é convocada nesse momento a escolher entre duas propostas políticas bastante claras e definidas: continuação ou mudança.
A Chapa 2 – Sindicato é pra lutar! É a única que pode realizar a mudança estrutural em nossa entidade no rumo das lutas da nossa categoria. A gestão atual, de um grupo que tem se perpetuado no sindicato a partir do revezamento de nomes nas últimas duas décadas, se partiu em três chapas, a da situação (1) e duas dissidentes (3 e 4). Essas chapas guardam entre si forte identidade política. Essa identidade é o que explica haver três diretores dessa gestão candidatos a presidente.
Da vitória política à eleitoral
A vitória política nessa campanha já é da Chapa 2. Há a necessidade agora de traduzir essa conquista em vitória eleitoral. Pautamos a campanha com a nossa proposta política de fazer do sindicato um meio e não um fim das lutas da categoria. E conseguimos mostrar que o papel do sindicato deve ir muito além das suas responsabilidades burocráticas e da rotina obrigatória de representar a categoria no enfrentamento com os patrões por reajustes e por direitos. É preciso agir nas causas e não apenas nos sintomas da crise que nos afeta.
O nosso sindicato tem de voltar a cumprir o seu papel na consolidação da nossa identidade de classe, como agregador da categoria, como espaço efetivo de organização para a luta de resgate da nossa identidade, dos nossos direitos, valor profissional e papel na sociedade. Precisa deixar de agir como se fosse aliado ou parceiro do mercado e dos patrões.
Chapa de lutas
A Chapa 2 construiu um programa consistente e de acordo com as demandas reais dos jornalistas. Propomos ações concretas contra o processo acelerado de depreciação dos nossos salários, da perda de direitos e de postos de trabalho, da nossa própria identidade profissional no mercado e na sociedade. Precisamos começar o trabalho que a atual gestão do sindicato, burocrática e omissa, sequer começou.
A trajetória militante dos jornalistas que compõem a Chapa 2 é um dos nossos trunfos nessa luta. Somos plurais e complementares. Somos profissionais da imprensa comercial, alternativa, sindical, de organizações de direitos humanos, universidades, assessorias de imprensa, entre outros. Atuamos na luta pela obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissional, pela democratização da comunicação e em defesa da comunicação como um direito humano. Essa experiência apenas reforça a nossa capacidade de entrega à luta pelas mudanças de que tanto precisamos.
Estilingues ou vidraças?
Os atuais diretores do sindicato nada fizeram para impedir que a nossa entidade se transformasse num aparelho burocrático e com pouca força para avançar na conquista dos nossos direitos. Queremos que o nosso sindicato volte a lutar por muito mais além da pauta básica que é a defesa da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Queremos um sindicato de novo forte e atuante na sociedade, para que tenhamos condições de reivindicar os nossos direitos a partir de um novo patamar de correlação de forças no enfrentamento necessário aos patrões e ao Estado.
Não deve parecer normal que o jornalismo tenha se tornado “a pior profissão do mundo”, segundo pesquisas, e alvos da desconfiança e até da hostilidade da população. Nossos colegas mais antigos são testemunha do tempo em que jornalistas se mostraram bravos lutadores na resistência contra as violações dos direitos humanos e da democracia. Jornalistas eram reconhecidos como guardiões de seus direitos constitucionais. A vulnerabilidade e a fragilidade atuais da nossa categoria foram construídas e podem ser desconstruídas. Depende de nós, da nossa capacidade de união e de organização para a luta. O sindicato precisa voltar a ser uma referência para a categoria. É por tudo isso e muito mais que reivindicamos o voto na Chapa 2 – Sindicato é pra lutar!