Sindicato dos Jornalistas

sexta-feira, novembro 22, 2024
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Bom jornalista é também aquele que respeita a diversidade étnico-racial

Apurar, ouvir, ler, escrever e ser bem compreendido. Esses são algumas das qualidades do bom jornalista. Mas, entre tantos atributos, destaca-se hoje o profissional sensível em relação à diversidade étnico-racial e ao respeito à ética. Esse foi o recado dado aos estudantes de jornalismo da Unicarioca pela jornalista Sandra Martins, coordenadora do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade (Cojira-Rio), durante a palestra “O papel do jornalista na construção de novas mídias mais plurais e igualitárias” realizada no último dia 7. Abaixo, Sandra nos dá um breve resumo de como foi o bate-papo com os estudantes:
– A proposta desta palestra foi apresentar aos futuros jornalistas que eles têm responsabilidade como produtores de conteúdo jornalístico. O respeito à diversidade étnico-racial – que não deve se dar somente ao cruzar o embarque do aeroporto internacional -; o exercício da alteridade; o entendimento de que vivemos num país de cultura escravocrata mantenedor de estigmas construídos num Brasil colônia que investiu na importação de mão de obra europeia para branquear a futura nação em construção; questionar sempre nosso olhar cheio de pré-concepções sobre o outro. Enfim, estes foram alguns dos elementos reflexivos apresentados aos alunos de comunicação na palestra no programa UniTrabalho da Unicarioca, unidade de Rio Comprido.
Mesmo estando sob as diretrizes de uma empresa de comunicação, o jornalista deve se pautar pela observância de códigos de conduta de SUA empresa, mas, também o da profissão que abraçou, além, evidentemente, de documentos legais como a Constituição Federal, legislações em vigor no país.
Durante a palestra, Sandra informou os estudantes sobre a proposta do nosso sindicato de incluir o código de ética dos jornalistas como documento oficial nos dissídios coletivos, com vistas ao amparo dos profissionais à mercê dos códigos de ética do empregador, que protege a empresa e não necessariamente seu empregado-jornalista.
Entre os exemplos sobre o cuidado com a apuração, foram lembrados os clássicos casos de espetacularização da notícia, conforme definia Guy Debord, como a Escola Base, o casal Nardoni, a cobertura da violência, dos casos de racismo, da forma inadequada da abordagem envolvendo a mulher negra – tema de uma das categorias do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento e alvo de um curso sobre abordagem de gênero e raça para jornalistas fruto da parceria entre a ONU Mulheres e a FENAJ dado em 10 estados, e agora sendo reeditado no Rio Grande do Sul.
Neste sentido, a jornalista enfatizou ser fundamental maior atenção na apuração buscando a diversidade de fontes, com a qualidade do texto, bom embasamento argumentativo que os acompanhariam por toda a vida. “O mercado vai exigir de voces, não a nota ou conceito ‘A’ dado pela professora, mas o fruto desta formação que se pretende de qualidade.
Ao final da palestra, Sandra fez duas recomendações: observância para as especificidades do mercado de trabalho, numa perspectiva geral, não só para jornalistas, pois ha um processo de fragilizacão de garantia dos direitos trabalhistas. Daí a importância da análise não só para a dinâmica de mudanças nos quadros empresariais, mas também, em especial, para as entidades classistas – sindicato, ABI e Fenaj – e sites que cobrem temas relacionados com o universo do profissional. O outro aspecto, foi com relação aos mecanismos desenvolvidos para atender aos microempreendedores – MEI – e os problemas causados com a ‘pejotização’ das redações.

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