Os jornalistas do Rio decidiram entrar em estado de mobilização para pressionar as empresas por um acordo salarial que garanta aumento real, piso digno, segurança e mais direitos. A decisão foi unânime nas duas sessões da assembleia da campanha salarial 2014, realizadas nesta quinta-feira (22/05). Foi recusada ainda a contraproposta apresentada pelos patrões de rádio e TV na rodada de negociação da última quarta-feira (21/05). Os trabalhadores reafirmaram o apoio à íntegra da pauta de reivindicações do Sindicato.
O estado de mobilização prevê um calendário de atividades para chamar a atenção às nossas reivindicações e pressionar as empresas por um acordo decente. O Sindicato aumentará a frequência das panfletagens com carro de som, estimulará atos e passeatas convocados pelos jornalistas e também vai marcar encontros com os profissionais de cada redação para tratar de demandas específicas, como tem sido feito no caso da Rede Globo, da agência EFE e do jornal Lance!. Será lançada nos próximos dias uma enquete para medir as intenções de greve na nossa categoria. É importante que todos os jornalistas respondam a pesquisa sobre as condições de trabalho a que são submetidos. [Acesse aqui]
Veja a pauta de reivindicações da campanha salarial
O Sindicato também vai orientar os profissionais na criação de comandos de mobilização em cada empresa, cuja organização pode ser feita pelas redes sociais, como o Whatsapp. Cartazes, adesivos e uma carta endereçada aos correspondentes estrangeiros e aos sindicatos de outros países compõem a lista de ações para o estado de mobilização. Ficou claro durante a assembleia que os jornalistas não pretendem ceder na luta por melhores salários e qualidade de vida.
Proposta patronal é rejeitada por unanimidade
Sem acenar com a possibilidade de aumento real nos salários, a proposta patronal de rádio e TV – rejeitada pela assembleia – previa aumento no piso salarial: passou de R$ 1.274 para R$ 1.400 nas jornadas de cinco horas diárias em emissoras de televisão. No rádio, o valor subiu de R$ 1.132 para R$ 1.250. Nas jornadas de sete horas, os valores seriam de R$ 2.296 (televisão) e R$ 2.050 (rádio). O Sindicato defende R$ 4.927 para cinco horas diárias – valor calculado pelo Dieese a partir do custo do vida do jornalista na cidade do Rio hoje.
O valor de face dos tíquetes alimentação e refeição passou de R$ 200 para R$ 260 – o que daria R$ 13, valor muito aquém do cobrado em um Rio de Janeiro de preços surreais. A nossa pauta de reivindicações propõe R$ 29 no vale-refeição (R$ 580 por mês) e R$ 700 no vale-alimentação.
Os patrões ofereceram reajuste de cerca de 17% no auxílio-creche, que passaria a valer R$ 300 mensais. Os pagamentos anuais relativos à participação de resultados e ao abono foram reajustado apenas na faixa de empresas com mais de 150 jornalistas: ambos corresponderiam a 40% do salário mensal, com mínimo de R$ 1.400 e máximo de R$ 6.000. Vale lembrar que, no segmento de radiodifusão, somente a TV Globo emprega mais de 150 jornalistas no Rio.
O Sindicato cobrou, mas os patrões ignoraram a inclusão do Código de Ética no acordo e a instalação de comissões de empregados nas redações. Seguiremos pressionando por essas cláusulas e pelo aumento de 11,47% (6,47% do IPCA medido na cidade do Rio mais 5% de aumento real). As empresas oferecem 5,26% relativos ao acumulado do INPC, que costuma ser o menor índice de inflação apurado no país.
Após demonstrar muita resistência, o sindicato patronal de jornais e revistas finalmente marcou nova rodada de negociação do segmento. Será no dia 30/05, às 11h.