Entidades publicam nota de repúdio contra pressão em jornalistas da Agência Brasil

NOTA DE REPÚDIO
Os representantes da Comissão de Empregados da EBC e dos Sindicatos dos Jornalistas do DF, SP e RJ vêm manifestar o seu posicionamento veementemente contrário ao clima de pressão e tensão que está sendo implementando na Agência Brasil, o que fere claramente a autonomia na proposta de comunicação pública da Empresa Brasil de Comunicação.
No mês de agosto, foi instalado um procedimento de sindicância em Brasília contra duas jornalistas, com vistas a apurar um erro jornalístico, em uma matéria da Agência Brasil que envolvia um ministro de Estado. Situação nunca ocorrida na história do veículo e fora de qualquer padrão já adotado nesta empresa pública. Erros são passíveis de ocorrer durante uma atividade jornalística, assim como em qualquer atividade humana. Inclusive, nos veículos da EBC, erros são constantemente reparados, de forma transparente e ágil. E este procedimento foi exatamente o adotado no caso em sindicância.
Os trabalhadores da EBC foram surpreendidos com a ação da nova superintendente da Agência, empossada há poucos meses. Uma medida desproporcional que pode levar diretamente à demissão, sem que as funcionárias tenham sequer sido advertidas anteriormente. Há de se estranhar a medida, principalmente por envolver um ministro de Estado, no momento em que a sociedade civil clama por independência e autonomia da EBC.
Existem, ainda hoje, várias denúncias que envolvem assédio moral e outras irregularidades cometidas pelos gestores da EBC, que implicaram em condições de trabalho adversas nas sedes do Rio de Janeiro e do Maranhão, além dos problemas técnicos que persistem na Agência Brasil, que sequer são apuradas.
Mais do que punir empregados e implantar uma cultura do medo nos diversos setores, o que se espera da direção da EBC é a busca pela melhoria das rotinas de trabalho. Se as sanções forem necessárias, que elas sejam feitas de forma uniforme e com regras publicamente estabelecidas para todos os responsáveis.
Desde janeiro de 2014, as representações dos trabalhadores têm cobrado a formulação de uma norma de procedimentos disciplinares, que garanta clareza aos trabalhadores e as chefias imediatas, de forma a evitar discricionariedades nas punições. As entidades foram pegas de surpresa ao serem informadas que essa norma já está sendo gestada pela empresa sem a menor participação das representações dos empregados e que poderá seguir a linha do estabelecimento de sindicâncias para apuração de erros cometidos por trabalhadores em sua prática profissional. Cobramos a transparência, abertura para o diálogo e revisão desse processo.
Não aceitaremos a perseguição aos trabalhadores e nem o desvirtuamento do projeto de comunicação pública autônoma que a população necessita. Ainda informamos aos jornalistas que o Código de Ética da categoria pode ser utilizado para salvaguardá-los de tarefas em desacordo com os princípios do próprio Código ou que agridam suas convicções pessoais.
Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo
Comissão de Empregados da EBC