A presidência da Rede Record Rio usa um termo recorrente, comum ao empresariado, para justificar as demissões que aconteceram e ainda vão acontecer na emissora: reestruturação. De acordo com o presidente da sede carioca da empresa, Cláudio Rodrigues, haverá “dispensas mínimas” que serão feitas “todas de uma vez”.
Após protestos do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio e do Sindicato dos Radialistas do Estado, a direção da Record se reuniu com representantes sindicais na tarde de terça-feira (12/3), na sede da emissora, em Benfica. Rodrigues afirmou que a “reestruturação” será feita rapidamente e não a conta-gotas – ao contrário do que vem acontecendo até agora. Em 2012, a emissora dispensou 14 jornalistas na cidade. A presidência ainda diz que não sabe quantificar as futuras baixas da redação.
Os jornalistas protestaram. “Talvez não consigamos impedir as demissões, mas jamais seremos coniventes com as dispensas de profissionais, ainda mais do jeito que ocorrem, deixando trabalhadores em pânico, sendo prejudicados emocionalmente”, disse a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Suzana Blass, durante o encontro com a Record. Rumores na redação dão conta de que várias equipes de reportagem podem ser dispensadas.
Além do fim das demissões, os trabalhadores cobraram o respeito às férias agendadas pelos profissionais da redação – na semana passada, um email enviado pelo RH da emissora avisava que o período de descanso estava suspenso.
A direção da Record, no entanto, voltou atrás e garantiu na reunião que “apenas os empregados que puderem abrir mão” das férias agendadas terão a escala alterada. De acordo com o RH, quem tem viagem planejada ou qualquer outra programação, basta informar ao seu gestor para que o período de descanso remunerado fique garantido.
Na manhã de terça-feira, antes da reunião com a direção da emissora, os radialistas, com apoio do Sindicato dos Jornalistas, fizeram manifestação na frente da emissora. O protesto, assim como o ato feito na semana passada, voltou a reivindicar respeito aos trabalhadores da empresa.
“A Record sempre lucrou muito. Se o momento é de dificuldade, eles devem apertar o cinto e não promover demissões”, afirmou o presidente do Sindicato dos Radialistas, Miguel da Costa.
A Record cresceu 150% em três anos. De acordo com o RH, atualmente são 642 funcionários lotados em Benfica. A emissora alega ainda que aumentou o número de empregados – apesar do corte na produção do jornalismo local – para acabar com as horas extras dos profissionais.
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