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terça-feira, abril 30, 2024
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Um ano sem Santiago: Sindicato persiste na luta por condições dignas de segurança para os jornalistas

A morte do repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, em 10 de fevereiro de 2014, escancarou a vulnerabilidade em que trabalham os jornalistas atualmente. Um ano depois do trágico episódio, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro denuncia que a nossa categoria continua submetida às frágeis condições de segurança no trabalho, seja por responsabilidade das empresas ou do Estado. Também nos solidarizamos com a família neste momento de dor e saudade.
Sem qualquer equipamento de proteção, equipe de apoio e dirigindo o carro da empresa, Santiago foi enviado pela TV Bandeirantes para registrar a repressão policial a um protesto contra o reajuste das passagens de ônibus no Rio. Na cobertura, ele foi atingido na cabeça por um rojão disparado a esmo por manifestantes, que estão presos e aguardam julgamento. O jornalista morreu após ficar três dias internado. Até hoje a emissora não foi responsabilizada pela Justiça e segue impunemente enviando profissionais às ruas sem proteção, equipe e treinamento adequados.
As circunstâncias da morte de Santiago foram denunciadas imediatamente pelo Sindicato ao Ministério Público do Trabalho, que abriu inquérito a partir do qual todas as empresas jornalísticas foram notificadas de 16 recomendações de segurança. O Sindicato ainda luta pelo cumprimento de tais medidas por parte dos empresários. Entre outras, a Procuradoria do Trabalho orienta a providência de equipamentos de segurança, o trabalho sempre em equipe, a assistência jurídica para o registro das ocorrências e o respeito à Cláusula de Consciência do Código de Ética dos Jornalistas, que prevê ao profissional o direito de se negar a cumprir tarefas que lhe exponham.
O Sindicato também lamenta que, além das empresas, o Estado também não tenha avançado numa política que garanta segurança pública em defesa da vida e dos direitos da população, entre os quais as liberdades de expressão e de imprensa. Cobramos, por exemplo, a criação de um Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas no âmbito da pasta de Direitos Humanos, assim como o cessar da violência policial contra jornalistas. É bom lembrar que partiram das forças de segurança pública 70% das 117 violações cometidas contra a nossa categoria desde junho de 2013, somente na cidade do Rio, de acordo com nosso relatório.
Para além dor irreparável para a sua família e para a nossa categoria, reivindicamos que a perda da vida de Santiago não se torne apenas uma lastimável estatística, a exemplo do que ocorreu com os colegas Tim Lopes (Rede Globo) e Gelson Domingues (Band). A luta por melhores condições de trabalho e segurança está diretamente ligada ao exercício profissional do jornalismo – que é de vital importância para a garantia da democracia, da liberdade e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

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